domingo, 23 de agosto de 2009

A Chuva Vermelha.

Foi um longo período de seca, as árvores cresciam com dificuldade, os animais se escondiam, hibernavam, a natureza se desenvolvia com lentidão, por vezes brincalhona, ora chorona, como um nenê que precisava ser cuidado, alimentado e limpo.
A natureza se preparava. Dentro da nuvem foi juntando umidade formando pequenas gotas, que se uniam a gotas maiores. O tempo passou, como se ele escapasse por entre os dedos das mãos.
As árvores cresceram, os animais procuravam seus pares. Gotas maiores se fundiam e cresciam cada vez mais na nuvem até que a chuva começou a cair. Eram gotas diferentes, vermelhas, provocavam risos, choro, alguma preocupação e empurravam os olhos para o futuro.
Dei um abraço, um sorriso e fiquei feliz por ela.
Nesta semana, como se dizia antigamente, minha filha "ficou mocinha".
Linda, como só ela é.

domingo, 16 de agosto de 2009

Treze.

Estou feliz, minha filha completou treze anos de idade. Grande, não dá mais para pegá-la no colo, hoje é ela quem me dá colo quando estou precisando e o colinho dela é o melhor que há no mundo, macio e quentinho.
Fez chapinha, mas eu prefiro os cabelos dela crespos, fica mais bonita e emoldura melhor o rosto.
Os problemas de ter uma filha criança estão mudando para problemas de ter uma filha adolescente, nem tantos problemas assim, poderia ser bem pior considerando a maioria dos adolescentes de hoje.
E tudo isso me deixa muito feliz.

domingo, 2 de agosto de 2009

Alô. Aqui Sou Eu.

Eu não sei porque motivo, mas encontro seguidamente pessoas que não sabem falar ao telefone que parece ser simples, mas não é.
Recebo diversos telefonemas, maioria de adultos. Recebi um há pouco, olha só o diálogo depois que atendi e disse "alô, aqui é o fulano":

Voz feminina adulta:
A fulana está? É que deu um problema aqui... (diabos, quem é essa criatura e onde é o "aqui"? É na Terra, em Marte?)
Minha resposta, já conformado pelo que eu teria que passar:
-Não, a fulana saiu, só volta à tardinha.
Voz feminina adulta:
-Ah, tá! Aqui é a fulana, eu ligo mais tarde.

Ora, porque não disse de cara quem era, já que eu conheço a dona da voz feminina e não a reconheço e nem poderia pelo telefone porque liga raramente? O diálogo fluiria mais rápido e objetivo. Detalhe: essa voz feminina, SEMPRE faz isso quando liga, não se identifica e eu é que tenho que adivinhar quem é. Não é só ela, assim se comporta a maioria das pessoas com quem eu falo ao atender ao telefone.

Outro diálogo que ouço, bem comum.

Alguém ao meu lado pega o telefone, liga, e manda isso, de cara, quando atendem do outro lado:
Pessoa ao meu lado:
-Eu queria falar com a fulana. (Do outro lado da linha perguntam quem é. Óbvio).
Pessoa ao meu lado:
-Aqui é a fulana... (pausa onde a outra pessoa se identifica)... oi fulana(o) tudo bem?

Putz, mas porque diabos não se identificaram de cara evitando o dialogozinho que sempre acontece, já que ninguém fica dando informação pelo telefone sem saber com quem está falando?
E sem falar no "bom dia". Cumprimento sempre quando atendo o telefone na empresa e a metade dos viventes que liga não dá nem pelota para meu cumprimento, saem falando. Não cumprimento esperando resposta, faço esperando educação, o que é diferente.
É brabo errar e não aprender com o erro.
Êta povinho.

O Anjo Azul.

Me programei dia desses para ver um filme antigo, minha preferência, na TV. Quando li a sinopse fiquei meio preocupado, o filme era de 1930, alemão, expressionista - legal! - e tinha Marlene Dietrich como estrela.
Levei medo, pensei em um filme com imagem ruim como nos primeiros filmes de Carlitos, tomadas longas e cansativas, mal iluminado, cheio de falhas. Não foi isso que vi, o filme foi exibido em uma cópia impecável, só o som que era limitado, o que não chegou
a comprometer. Era bem cinematografado, nele percebi as técnicas comuns, hoje, de filmar, Pude ver a história se desenrolar sem que a idade do filme atrapalhasse, foi um daqueles filmes que me fez ficar pensando nele algumas semanas depois de tê-lo visto.
A história é bem interessante, mostra um professor rígido que preocupado com a correção de seus alunos os fiscalizava fora da sala de aula porque descobriu que frequentavam um cabaré. Rápido, o professor conheceu o cabaré a pretexto de pedir que não mais recebessem seus alunos lá. Acabou se envolvendo com Lola interpretada por Marlene Dietrich, a principal atração da casa.
O enredo me fez pensar na relação professor aluno, no ensinamento que transmitimos e no exemplo que damos, associado ou não ao ensinamento, Enfoca questões morais daquele período, a força do desejo que torna a mulher poderosa para certos homens e capazes de conduzí-los à decadência e a perda de seus princípios.
O filme foi uma bela e gostosa surpresa, pelas atuações, mas, sobretudo, pelo enredo rico. Aconselho aos corajosos que estão cansados do cinemão hollywoodiano.