sábado, 4 de agosto de 2007

Hai-Kai Dos Ditados.

"Um é pouco, dois é bom, três é demais".
"O que um não quer, dois não fazem".
"Caso encerrado".

sábado, 21 de julho de 2007

Monitor, monitor meu...

Estamos sediando os Jogos Panamericanos, competição que ocorre de tempos em tempos, mas há outros jogos que ocorrem diariamente, em casa, na escola, no trabalho, nas calçadas e no mundo virtual que envolvem homens e mulheres e que fazem parte dos jogos de sedução.
Em situações bem específicas como nos chats e fóruns da Internet, por exemplo, cada sexo faz o seu marketing para vender a si, o seu produto e atrair o sexo oposto - o seu consumidor - com uma linguagem adaptada a esse moderno meio. Com a liberação dos costumes e o pseudo anonimato da rede fala-se mais de sexo, gostos e preferências facilitando a divulgação deles.
Homens são atletas sexuais, não ficam em uma por noite, dão mais, seu instrumento é grande e poderoso, sempre maior que os dos seus competidores. As mulheres lêem e ouvem o que eles gostam, preferem o que eles gostam, querem e usam muito bem o que aprendem sobre eles, montam estratégias de sedução baseadas nisso. Elas gostam de sexo anal, fazem sexo oral e engolem tudo, estão sempre dispostas a transar, tomam iniciativa, tem desejo sexual igual ou maior que o seu homem, decotes generosos e bundas salientes e por aí vai. Eles, ativos nas conquistas, elas, passivamente seduzindo e conduzindo a dança.
Cada pessoa entra em chats e fóruns para saciar as suas necessidades: obter atenção, ser admirado, paparicado, receber elogios por sua performance, despertar o desejo dos outros, ter alguém com quem compartilhar seus dramas, buscar respostas para dilemas que ainda não pode resolver, se alimentar desse grande espelho virtual e apagável que é a Internet escondido por detrás de um apelido que permite projetar nele o que quiser ser e obter dele a resposta que melhor lhe convier, porque no mundo virtual é fácil manipular o outro, sem o olho no olho e com o monitor aceitando tudo a Internet virou a responsável pela felicidade etérea de muitos que se assustam com a crueldade do mundo real que cobra caro pelo que somos ou dizemos ser. Melhor deixar que a felicidade construída por bits de prosa domine, nem que seja por instantes para dar um gostinho de prazer, mesmo que frio e descartável. Para muitos bem melhor que a dureza do mundo real.

domingo, 15 de julho de 2007

Dois Sonhos.

Minha filha pediu para dormir comigo a noite que passou. De manhã acordei e passei minha mão pelos cabelos dela, ela acordou e disse:
- Espera, pai... tô sonhando, um sonho legal...
Ela continuou a dormir e eu a observá-la, linda, e a sonhar acordado com a filha que amo.

sábado, 7 de julho de 2007

A Deusa.

Uma mulher perfeita em todos os aspectos: bela, alta, corpo bonito, desejada pelos homens. Personalidade madura, bem resolvida. Mulher contemporânea, viajada, que sabe o que quer e o que não quer. Sem defeitos, sem joanete, mau hálito, celulite, estrias, olheiras, espinhas. Sem medo, vergonha, repressão sexual. Nunca levou um fora, não se arrepende de nada que tenha feito ou deixado de fazer. Sem problemas financeiros, afetivos, existenciais ou espirituais. A mulher que todas as mulheres queriam ser e todos os homens queriam ter. Uma deusa sobre a face da Terra, como tal, adorada por muitos e idolatrada, fazia juz a uma religião, ter a sua imagem cultuada e suas palavras escritas em um livro sagrado.
Mas como nem tudo é tão perfeito assim, nem mesmo na fantasia mais desejada, ela permaneceu no seu Olimpo imaginário, isolada de seus adoradores que, por mais que a desejassem jamais a tocariam, pois esse Olimpo era inatingível para eles, mortais, e de lá ela nunca sairia porque seu amor próprio era tão próprio que não a permitia sequer ver os mortais, e viveu condenada à solidão de sua perfeição, como uma deusa que habita o nosso imaginário e que nunca deixará de ser um produto da nossa imaginação, pois não suportaríamos a decepção de saber que a nossa deusa perfeita não passava de alguém tão limitado quanto a nossa própria insignificância.

sábado, 23 de junho de 2007

Os Dias Dos Amigos.

Ontem recebi um e-mail simples, breve, mas muito importante, uma mensagem dizendo que alguém gostava de mim, uma amiga escreveu, amiga especial que com esse gesto simples, expontâneo e incondicional mudou o meu dia e os próximos, também.
Aqui mesmo nesse blog, em Julho do ano passado eu já havia escrito como meus amigos são importantes para mim e como tenho dificuldade em externar isso a eles, pode ser por vergonha, medo da declaração ser mal interpretada ou outro motivo qualquer, mas queria deixar muito claro que amo os meus amigos e a essa amiga em especial que me escreveu e que só eu sei o quanto sinto desse amor por ela e pelo meus demais amigos.
Eu os amo, embora não pareça, pois os meus gestos nem sempre refletem meus sentimentos.

sábado, 9 de junho de 2007

Mãos de Fada.

Eu corto o cabelo em um salão perto de casa, ele é grande, deve ter uns vinte ou trinta profissionais trabalhando, quando chego não faço questão de ser atendido por nenhuma pessoa, prefiro o cabelereiro que estiver livre para eu ser atendido mais rapidamente.
Ontem fui cortar o cabelo e fui atendido por uma senhora de poucas palavras, mas muito capaz, pude sentir que ela cortava meu cabelo com atençao e dedicação, estava concentrada no que fazia, mesmo quando o celular dela tocou para atender a uma chamada da sua filha.
Ela cortava o cabelo com delicadeza, quase uma massagem e eu fui ficando cada vez mais relaxado, quase dormi na cadeira, sem falar que ela cortou o cabelo exatamente como eu pedi, ficou excelente. Por essas dá vontade de preferir sempre ela, nem sei seu nome, mas ficou na minha memória a boa profissional que ela é.

A Neblina.

Como toda criança eu estranhava os dias de nevoeiro intenso, não entendia o que havia acontecido com o sol que se escondia e toda a paisagem ficava enevoada, esbranquiçada, com tons de cinza. Me confundia com o horário, não sabia se era de manhã ou de tarde, se era hora de almoçar ou não. Também me sentia oprimido, a névoa me passava uma sensação de prisão, meu olhar ficava limitado e contagiava meu espírito que se abatia com o dia fechado.
Há poucos dias a cidade amanheceu coberta por uma intensa névoa como há muito eu não via e eu me lembrei da minha infância, das sensações que eu tinha por conta da neblina, revivi um pouco disso, da falta que o sol me fazia, de ver o céu, azul ou não, do sentimento de prisão que é estar sob neblina. Curiosamente uns dias antes dessa neblina os dias estavam maravilhosos, céu muito azul, sem nuvens, contrapondo com o dia de neblina que em determinados invernos aparece, como nesse outono com cara de inverno que estamos tendo em 2007.

sábado, 5 de maio de 2007

A Dois e A Sós.

Manhã de sol na praia.
Duas pessoas caminhando: ele e ela.
Distantes, mas um de encontro ao outro.
Tão distantes que parecem apenas um ponto para o outro.
Se aproximam.
Se olham.
Mais perto, se vêem.
Se interessam.
Estão sós na praia.
Olhares se cruzam.
Estão perto demais para desviar o olhar, e longe demais para sentir medo.
Se cruzam.
Seguem a caminhada.
Sem palavras.
Mesmos movimentos.
Já distantes, se viram.
Um olha para o outro.
Ao mesmo tempo.
Param.
Voltam.
Se beijam.
Se amam.
Mudos.
Acabam.
Se levantam.
Vão embora.
Prosseguem seus caminhos.
Sós.

Folhas Secas Ao Vento.

Aqui no sul, Abril é um mês de manhãs frescas, quando ocorrem os primeiros nevoeiros, no início rasteiros e tímidos, mês onde se sente o dia encurtar e a noite prolongar. Em Maio vem os primeiros dias frios, ventosos, com menos claridade, mais chuvosos, mês onde as folhas caem e as cores vivas dão lugar ao marrom das folhas mortas e ao cinza do céu nublado.
Tenho me percebido em um Outono na minha vida, tive um período agitado de 2004 até final do ano passado, um Verão na minha vida, agora vejo que entrei em um Outono, não uma estação final da minha vida, uma estação passageira, não uma estação sombria e nem predecessora de um Inverno, apenas uma estação onde o colorido da vida murcha temporariamente e dá lugar às cores mortas que sinalizam um tempo de reflexão, menos convívio social e menos turbulências afetivas, tempo bom e necessário para colocar a cabeça e o coração em ordem, aprontá-los para o que vier pela frente.
Estou entrando na última idade, mas não na última estação. Depois do Inverno sempre vem a Primavera. E vou desabrochar. De novo.

Pensamento Em Série.

Tenho conversado com diversas pessoas nos últimos tempos, no ambiente de trabalho, na minha vida social, e tenho me sentido cansado com a falta de opinião que as pessoas têm a respeito da maioria dos assuntos, as pessoas me parecem papagaios que repetem o que lêem, ou ouvem, ou vêem.
Não há nada de diferente nelas como se as idéias e opiniões fossem, a maioria, padronizadas, as mesmas opiniões formadas a partir dos jornais, telejornais ou de conversas com outras pessoas que também não têm idéias próprias a respeito da vida e do mundo. Robôs que repetem frases feitas, clichês, preconceitos, que explicam tudo da mesma maneira, que sustentam as mesmas opiniões com os mesmos argumentos.
É muito mais fácil repetir o que se houve e se pensar como o outro pensa do que desenvolver a sua própria identidade de pensamento, dá trabalho refletir sobre si, sobre a vida e sobre o mundo, porque são complexos, exigem concentração, conexões com variadas áreas de si e do conhecimento humano, exige segurança e maturidade para que se possa chegar a uma conclusão diferente do óbvio e do lugar comum e ter argumentos para sustentar essa idéia.
Seria melhor que procurássemos pensar mais, por conta própria, ter mais autonomia para escolher as fontes que nos informam e, o mais importante, desenvolver uma visão crítica de nós mesmos, do mundo e da vida, diferente do que está aí posto a todos para pensarem do mesmo jeito. Talvez eu esteja escolhendo mal a parceria das minhas conversas, queria pessoas mais criativas, autênticas, menos doutrinadas e mais dialéticas na forma de pensar.
Estou precisando filosofar um pouco, sinto sede de novos conhecimentos, de novas pessoas, idéias. É hora de renovar minha cabeça, antes que fique tomada por velhos chavões, mesmo que um deles seja: cada cabeça, uma sentença.

sábado, 21 de abril de 2007

Silenciosa Calmaria.

A freqüência dos posts aqui no blog demonstram como está meu mundo interno, quando há muitos posts é sinal de agitação, envolvimento emocional, inquietude, ansiedade, tristeza, alegria ou outro estado de espírito que me mobiliza.
Nas últimas semanas tenho experimentado uma calmaria na minha vida interior, menos mal que não está sendo movimentada por algo ruim, mas bem que poderia se agitar com uma notícia boa, não? Eu gostaria de postar mais e movimentar o blog, mas não estou com conteúdo e não escreverei posts vazios, para encher linguiça com ou sem trema! Por respeito a você que aqui acessa e dedica seu tempo a me ler.

sábado, 24 de março de 2007

Elogios & Auto Estima.

Tenho problema de auto estima, seguidamente me desvalorizo e me vejo inferior às outras pessoas ao estilo "último dos homens". Bem, isso acontecia mais no passado, mas ainda hoje acontece, esporadicamente.
Notei que quando sou elogiado pelo que eu sou ou pelo que eu faço, fico com minha auto estima prá cima. Os melhores momentos da minha vida foram quando existia alguém me elogiando e me valorizando pelo que eu sou de forma expontânea, me faz muito bem receber elogios, nem precisam ser diários, desde que sejam regulares. A falta deles me remete às trevas da estima, onde me sinto só, lutando contra eu mesmo com pouca ou nenhuma arma e, geralmente, perdendo a batalha.

De Menino a Homem.

A menina tem um ritual de passagem para se tornar mulher, é a primeira menstruação, mas e o menino? Tem algum ritual? Creio que não, porém, para mim, teve significado de passagem a minha primeira vez que fiz a barba, nem barba tinha, uma penugem no queixo e entre a boca e o nariz, no bigode. Era um sábado, como hoje, e eu me preparava para ir a uma festa ou, como se chama hoje, uma balada. A pele ficou esquisita depois de eu usar o barbeador, mais sensível em sem aquela textura áspera.
Estou escrevendo isso porque justamente, hoje, meu filho, de 14 anos, fez a sua primeira barba, como eu, com um barbeador, tirando uma penugem em forma de bigode, rapidamente revivi quando fiz a minha primeira barba, me coloquei na idade dele, meus medos, meus sonhos, minha trajetória como homem, me emocionei e me senti orgulhoso em poder passar a ele o que eu aprendi nesses anos de como fazer bem uma barba. É pouca coisa, mas é o suficiente para me emocionar e me levar a refletir sobre estas pequenas coisas da vida que nos emocionam, como ser pai, por exemplo.

sexta-feira, 23 de março de 2007

A Revelação.

Não é piada, me foi contada ontem como verdade:
A Avó de um coleguinha da minha filha, já meio caduquinha, recebeu, em casa, a visita de dois jovens pastores. Um deles, seguindo sua cartilha, perguntou à vózinha:
- A senhora conhece Jesus Cristo?
A vózinha, com calma e inocência, respondeu:
- Só por fotografia.

terça-feira, 6 de março de 2007

Diga: Xis!

Dizem que os olhos são as janelas da alma e eu não duvido, mas há um outro acesso à alma das pessoas: o sorriso.
Eu gosto de me dedicar a olhar o sorriso de uma pessoa que está perpetuado em uma foto e tento desvendar o que ele tem a me dizer. Há diversos sorrisos: aquele amarelo, que esconde um sentimento de frustração, inveja ou ciúme. Há o sorriso largo, solto, de quem está pronto para explodir de felicidade, também existe o sorriso tímido, que esconde mais do que mostra ou o sorriso irônico que debocha do outro e que nem sempre este percebe.
Para mim o sorriso é mais um instrumento para se ter acesso aos sentimentos da pessoa e que ela nem sempre expressa através de palavras ou gestos. Fotos são ricas pelos sorrisos que elas contém, que prendem a minha atenção hipnóticamente e me transportam para um mundo onde o sentimento manda e a razão obedece.
De todos os sorrisos, o que eu mais gosto é aquele que tem uma pitada de malícia, que subentende o desejo, seduz e explicita a alegria, que me tem e me subjuga, me fazendo submisso à ele. Sorriso poderoso, enigmático e instigante.
Quando você me vir pessoalmente, diga xis para que eu possa conhecê-lo melhor e para que eu possa responder da mesma maneira.

sábado, 3 de março de 2007

77,9 Kg

Esta semana me pesei, deu 77,9 Kg.
Estou emagrecendo há meses, sem dieta, só controlando os excessos, cortando as sobremesas e refrigerantes. Não que eu precisasse diminuir o peso, estava bem com os meus 87Kg, melhor agora com menos. Este era o meu peso há 21 anos, quando eu corria na rua e levava uma vida mais agitada. O corpo não é mais o mesmo de 21 anos atrás, possui marcas que o tempo registrou nele, mas até que estou bem conservado, em formol, dizem!
Estou satisfeito com este peso, me sinto mais à vontade, nas próximas semanas tenho uma festa de 15 anos e um casamento para ir, vou ver se entro nos velhos ternos que estão no armário com pouco uso, só preciso ver se eles tem um corte que dê para usar hoje, não quero parecer um senhor do séc. XIX nas festas, ou terei que providenciar um chapéu e uma bengala para compor a fantasia! Ahahaha.

sábado, 17 de fevereiro de 2007

Ansiedade, Tremor e Chatos.

Uma das minhas atividades no emprego atual é atender clientes, e me chama a atenção a quantidade de clientes que atendo que são ansiosos ou que estão com as mãos tremendo.
Os ansiosos geralmente são homens, com idade superior a 45 anos, apressados, impacientes, que jogam uma lista de pedidos em minha direção. Tenho que ter tato para lidar pois são pessoas que, na maioria das vezes, estão, além de ansiosas, com impaciência e intolerância. Eu imaginei que a ansiedade fosse uma característica do jovem, mas me surpreendi com a quantidade de homens acima dos 45 anos que demonstram ansiedade à minha frente, e não se trata de ficar ansioso porque estão diante de mim, é uma característica destas pessoas.
Quanto aos jovens, noto que alguns deles tem tremor nas mãos, não são drogados ou com síndrome de abstinência, são pessoas sóbrias que tem esta característica e que acabam me deixando um pouco perturbado porque tenho a impressão que vão deixar cair o que seguram nas mãos, são, na maioria homens, entre 25 e 35 anos.
Ainda bem que estes dois grupos são minoria, porque me desagrada atender pessoas assim, mas tem piores, os chatos, estes são insuportáveis, não são os chatos que tiveram um dia ou noite ruim, são os chatos profissionais que sempre que aparecem fazem questão de serem chatos, de incomodarem, de pedirem o impossível e não entenderem que o que pedem não existe ou está em falta, destes, a vontade é de não atender, pois desgastam demais. A tática que uso para não me incomodar com eles é não me deixar levar pela chatice, não embarco na onda do cara e nem aceito o convite para a dança que ele me propõe, dito o ritmo do atendimento de acordo com a minha necessidade e o chato que amargue sua chatice. Bem longe de mim, claro.

domingo, 11 de fevereiro de 2007

Carnaval.

"Vou beijar-te agora
Não me leve a mal
Hoje é carnaval".


Sou indiferente ao carnaval, quando adolescente era uma época ruim porque eu era tímido e me sentia pressionado pela data e pelo grupo de amigos a me aproximar das meninas, eu era ainda mais inibido do que sou, esta pressão me causava desconforto e até períodos de depressão. Com o passar do anos o significado do carnaval mudou um pouco, para mim, e deixou de ser um evento eminenetemente erótico para ser uma festa popular, um espetáculo, o que aliviou a pressão interna em mim, mas não apagou as lembranças de um período ruim da minha vida, sinto que desperdiçei parte dela em dilemas internos, uma pena, mas que serviram para construir a minha personalidade como é hoje.
Não assisto o carnaval pela TV, apenas dou umas olhadas nos resumos dos telejornais. Se for o caso vejo uma ou outra escola carioca desfilar, mas é raro.
E você? Como se relaciona com o carnaval? Tem alguma história legal para contar?

Só.

Quando eu nasci minha mãe tinha 44 anos de idade e meu pai 42. Eles não gostavam de sair de casa, passear ou visitar amigos, tinham poucos amigos e nenhum desses tinha filhos com a minha idade. Tenho a impressão que fui cuidado por avós e não por pais pela idade deles e pela forma que me educaram. Me acostumei a ser só, brincava sozinho quando criança, lia livros, escutava música em discos de vinil e assistia televisão, preto e branco naquela época. Sempre preferi poucos amigos e amizades próximas do que muitas amizades ou grupos. Por causa disso, preciso, eventualmente, estar só, buscar em mim o meu espírito e minha identidade. Quando a vida ou qualquer circunstância me obriga a não estar só por longo tempo me sinto mal, parece que sou levado pela vida e fico incomodado com isso.
Reservo o horário de dormir e as minhas caminhadas matinais para ficar só e colocar as idéias e sentimentos em ordem, pensar sobre a minha vida e projetar o que farei adiante. Sozinho. É como se fose um defrag na mente, organizando os arquivos mentais lado a lado.
Este blog, de certa forma, reproduz esta minha caracteristica de ser só, não fiz questão de divulgá-lo nos mecanismos de busca, apenas para pessoas conhecidas e, recentemente, em locais que freqüento na Internet. Há pouco movimento aqui, baseado nos comentários que é única forma que tenho de saber se é ou não acessado, pois não uso ferramenas que identificam quem aqui acessa. Apesar deste ar de solidão, gosto deste local, me sinto bem em escrever estas mal digitadas, é como se fosse um depósito de minhas idéias e fico feliz em ler os comentários, sinal de que é uma solidão aparente. Não gosto de estar só, sempre, não me faz bem.
Ficar sozinho, para mim, é fundamental para manter a minha estabilidade emocional e a saúde de minhas relações afetivas, mas não sou eremita, estar com pessoas é o principal motivo que me faz feliz hoje em dia e necessito delas para me sentir vivo.
Não sinta-se só, aqui, estou presente sempre, lendo comentários e pensando sobre o que escrever aqui.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

A Pracinha Vazia.

Silêncio...
A TV desligada.
Silêncio...
O computador desligado.
Silêncio...
O vídeogame desligado.
Silêncio...
A cama deles vazia, os brinquedos e bonecas guardados.
Meus filhos foram viajar, passarão uma semana fora e essa casa se parece com uma pracinha vazia. Está triste, sem vida, apática e estes sentimentos me contagiam.
Em mais de dez anos esta é a primeira vez que fico em casa sem eles. O mais difícil é de noite quando vejo a cama deles arrumada sem eles dormindo. Um dia será assim, irão namorar ou casarão e ficarei aqui sem eles, serve como um test drive e já estou sentindo agora a saudade que vai me bater no dia que eles saírem definitivamente de casa. Eu procuro prepará-los para serem independentes, terem suas casas, formar suas famílias, gerenciarem as suas vidas e a dos filhos deles, mas esqueci de me preparar para viver sem eles.
Falta tempo para que eles saiam de casa, mas é melhor eu ir me preparando, não custa nada, quero dizer, custa muito: imaginar a minha vida sem eles, a saudade e a solidão que se seguirá.