domingo, 30 de setembro de 2012

Estou Vivo.

Quando criei este blog, a intenção era postar, entre outras coisas, as minhas inquietudes, visão de vida e do mundo que me cercava. Algo mudou. Com o tempo meu espírito acalmou, muito do que queria dizer foi dito, ou por aqui ou por outros canais.
Com a chegada do Facebook minha rede de amigos se concentrou por lá e lá tenho me comunicado. Isto não quer dizer o fim deste espaço, é uma justificativa da sua inatividade, assim que a vida turbilhonar, de novo, isso aqui pode retornar à vida. Caso não volte à ativa fica como um depósito de ideias e sentimentos.
Obrigado pela visita e torne a voltar, nem que seja esporadicamente.

domingo, 24 de junho de 2012

As Respostas.





Eu preciso confessar que fui duro com meu pai e poupei a minha mãe. Eu perguntava demais, não era normal.
Com sete, oito anos de idade, eu enfileirava perguntas sobre qualquer assunto que me interessasse, e não me contentava com uma pergunta só sobre o assunto, eu queria entrar nele até o fundo e elegi meu pai como vítima porque era quem me dava trela. A mãe não entrava nessa, logo pulava fora, talvez pelas suas limitações culturais ou porque já me conhecia e não estava a fim de passar por uma tortura verbal e auditiva.
O tempo fez com que as perguntas diminuíssem de tamanho e as respostas aumentassem. Vi alguma coisa da vida, o suficiente para não me assustar com nenhuma manchete de jornal, descoberta de vida secreta dos outros, nem com meus próprios pensamentos: alguns inconfessáveis e incompreensíveis na minha adolescência e infância.
Entendo as pessoas porque me entendo e compreendo as diversas e, aparentemente, inexplicáveis atitudes dos outros por conta das respostas que a vida me deu.
Estou cansado para buscar algumas respostas, a maioria delas eu já sei e as que não sei, não sei se quero saber.
O  mundo não está chato, nem a vida, viver e conhecer os dois ainda os fazem interessantes, o que me cansa é querer saber tudo de tudo. Aquilo que não tem resposta traz em si a própria resposta, e tem um outro tanto de respostas que não quero saber, que fiquem lá onde estão, em seu próprio mundo, porque demorei para perceber que são respostas que não devem ser obtidas.
Nem tudo devemos saber, há respostas que não existem, que dóem, que são mentirosas.
Chegou a hora de respeitar o ensinamento da vida e parar de perseguir as respostas desnecessárias. 
Que os mais dispostos busquem as suas respostas, enquanto eu fico me entretendo com as minhas e que consomem o meu tempo.
Quando eu precisar de novas respostas as procurarei com o devido cuidado e sabedoria.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Liberdade & Omissão.




A Liberdade é como uma sombra, sempre tentamos tocá-la e nunca conseguimos.
Defendo a Liberdade como uma postura constante na minha vida, exceto nos raros momentos que ela tem que ser substituída por um ato de autoridade, que não me faz bem, mesmo que necessário.
Dou Liberdade a todos, em casa, no trabalho, nas amizades. Facilmente esta Liberdade é mal entendida, como se eu estivesse me omitindo. Errado. Deixo as pessoas livres para agirem e pensarem, não estou pedindo a elas que ajam ou pensem por mim. Não me sinto incapaz de gerir minhas atitudes e ideias, então, quando elas presumem que estou pedindo que ajam por mim, estou, apenas, dando-lhes a Liberdade de agirem como quiserem, mas sem invandir meu espaço, nem escolher por mim. É muita responsabilidade agir e pensar pelo outro, é algo para os pais, no curto período em que a criança é parcialmente incapaz disso.
Ser livre é uma ambição de todos, não usurpe.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Marquês Do Vale Do Silicone.



Não assisto ao Carnaval, no máximo uma ou outra cena, quando passo na sala à caminho da geladeira, para pegar um pouco de água gelada e iludir esse calor que Haroldo Lobo & Nássara cantaram na marchinha "Allah-Lá-Ô".
Vejo algumas fotos na Internet das tais musas do Carnaval. Todas usam próteses de silicone nos seios. A Marquês de Sapucaí se transformou no Silicon Valley tupiniquim, não aquele que produz chips e equipamentos de alta tecnologia, o outro, que sediava a Dow Corning, fabricante de referência da época para próteses de silicone.
Não se acha uma dama com seios naturais desfilando na avenida, todas que a mídia destaca estão equipadas com aqueles montes gêmeos saltados e artificiais que parecem duas metades de um coco colocadas por debaixo da pele. 
Mulher de verdade virou uma raridade e tem que fazer parte da Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção do IBAMA. Precisamos criar uma ONG para defender as mulheres naturais, convocar o Greenpeace e fazer ações diretas em clínicas de cirurgia plástica para destruir as próteses, antes que tenhamos que admirar e desejar mulheres andróides saídas de uma linha de montagem, todas iguais, fugindo, desesperadamente, da beleza que a natureza lhes deu.
Mas me respondam com sinceridade: tem homem que gosta de apertar plástico? Tirando os plásticos bolhas que são vício mundial?
Nos afastamos cada vez mais do corpo humano em busca de um corpo idealizado, se o cara, na hora H, verificar que é de plástico dá para recusar? Eu não recusaria, mas dá vontade, me sentiria enganado, lembraria do Código do Consumidor, mesmo que o ato seja de graça, no amor.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Os Lençóis.




Abriu a porta do armário para tirar o lençol cuidadosamente dobrado.
O cheiro de Alfazema predominou e lembrou a sua infância, na casa da praia.
O vento nordeste à beira mar ventilando a memória.
Pegadas que as ondas apagavam, fatos que a memória recordava.
Odores que evocam lembranças, mais rápido que a música antiga que há anos não se ouve.
Pele ardendo do sol inclemente.
E umas rapadurinhas de leite compradas com centavos de Cruzeiros.
Preço baixo para lembranças tão caras.
E momentos breves de felicidade que se alongam com o tempo.
Que escapam sorrateiros entre uma tecla e outra do teclado esfomeado.
Que engole as palavras e devolve emoções.
Em uma batida sonora repetitiva e hipnótica na sucessão de palavras, afetos e carinhos.