domingo, 15 de janeiro de 2012

Os Lençóis.




Abriu a porta do armário para tirar o lençol cuidadosamente dobrado.
O cheiro de Alfazema predominou e lembrou a sua infância, na casa da praia.
O vento nordeste à beira mar ventilando a memória.
Pegadas que as ondas apagavam, fatos que a memória recordava.
Odores que evocam lembranças, mais rápido que a música antiga que há anos não se ouve.
Pele ardendo do sol inclemente.
E umas rapadurinhas de leite compradas com centavos de Cruzeiros.
Preço baixo para lembranças tão caras.
E momentos breves de felicidade que se alongam com o tempo.
Que escapam sorrateiros entre uma tecla e outra do teclado esfomeado.
Que engole as palavras e devolve emoções.
Em uma batida sonora repetitiva e hipnótica na sucessão de palavras, afetos e carinhos.