segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Oficina "Iniciação à Palavra em Prosa". Exercício N°2.


Exercício a partir de bilhetes encontrados na rua.

 Código de Barras.



Velhinha, mais de 70 anos de idade, escorregou e caiu em casa, fraturou o fêmur e está impossibilitada de andar. Tem uma netinha de quem gosta muito e é recíproco o amor. Gosta de pé de moleque, viu no panfleto do supermercado que havia uma promoção com pé de moleque barato, pegou um pedaço de papel, anotou o pedido: pé de moleque, 260g e o número que fica abaixo do código de barras 78911030488494, entregou à neta e pediu a ela que fosse ao supermercado comprar.
Duas horas depois, já de volta do super, a neta, constrangida, disse à velhinha que não havia encontrado o pé de moleque, na loja que havia dentro do supermercado só havia meias para pés até o número 43 e não para aquele pé com um número tão grande: 78911030488494.




Balancete.

(Anotação encontrada no chão, após dois dias de chuva, bordas carcomidas e papel poído pela ação do clima, ainda assim, a tinta estava intacta.)


A vida lhe foi generosa durante anos, tudo do bom e do melhor, sem se preocupar com quanto ela custava.
Dias ruins se seguiram, novo emprego ganhando menos, doenças na família, gastos acima do suportável. A vida financeira virou um caos, tudo tinha que ser controlado, não sobrava grana para quase nada. Para fazer o super, uma calculadora determinava o limite, ao chegar em casa, contas para ver o quanto ainda lhe restara de dinheiro.
Como prova de anos mais gordos, havia uma caneta, cara, tinta boa. Um bilhete seu havia sido encontrado no chão por um gaiato, depois de ter passado dias, ali, recebendo chuva e vento, ainda assim a tinta da caneta se mantinha intacta, mostrando os números de uma conta financeira simples.
Assim como a sua caneta era boa, reminiscência de tempos melhores, ele mantinha em seu poder, conhecimento, inteligência e experiência, lastros valiosos que lhe permitiriam, novamente, ascender na vida e poder usar sua caneta para preencher documentos mais importantes e decisivos, fechar negócios que lhe proporcionariam uma vida bem melhor que a atual.

domingo, 21 de agosto de 2011

Oficina "Iniciação à Palavra em Prosa". Exercício N°1.

Vou usar o blog para publicar meus textos de exercício da Oficina de prosa que me referi no post anterior, podem ficar sem nexo porque a tarefa não está explicada, será um laboratório de textos, tipo uma cozinha, cheia de ideias, pratos sujos, cheiros apetitosos e chamas acesas.

Textos criados com base em material recebido na Oficina.


Canhoto do Cheque.
Ele está dividido entre dois amores que aniversariam nesta semana, resolveu dar um presente a cada uma delas, simples, tocante. Queria que a compra, a entrega e o recebimento do presente ajudassem na difícil escolha por qual amor optaria.
Foi à uma grande loja de departamentos, daquelas que tem de tudo, procurou, escolheu, comprou. Dois presentes. Pagou por eles com um cheque R$ 82,50. Anotou no canhoto do talão: lotérica, porque queria fazer segredo da compra, afinal, daquela loja sairia seu maior prêmio.

Recibo FGTS.
Assustado, com pressa. Ele estava trocando de emprego. Inseguro, temia que se arrependesse, não se adaptasse ao novo emprego ou que a nova empresa não o quisesse após o período de experiência. Amigos se dividiam entre apoiar a mudança ou criticá-la, chegou ao terminal da Caixa Econômica para ver se estava disponível o pagamento do FGTS relativo à saída do antigo emprego, acordo feito com o antigo patrão. Recebeu o papel impresso pelo terminal e leu: "Não Existe Pagamento Disponível", agradeceu ao frio terminal computadorizado porque ainda restava uma ligação, frágil, com o antigo emprego, quem sabe não seria o caso de voltar a trabalhar lá?

Cupom do Estacionamento.
Havia passeado no shopping durante o final de semana, lá, perdeu seus documentos, ficou apavorado até que recebeu um telefonema da administração do shopping informando que seus documentos haviam sido encontrados e estavam à sua disposição para serem retirados. Estacionou seu carro no estacionamento do shopping, buscou os documentos na administração e se permitiu tomar um sorvete na praça de alimentação, simples, porém delicioso. Terminou, saiu, até que um cliente da sorveteria lhe chamou atenção, seus documentos recém resgatados na administração do shopping tinham ficado sobre a mesa, retornou, pego-os e foi embora, tranquilo, sorridente e satisfeito, já havia perdido seus documentos mais de uma dezena de vezes, mesmo, mas sorvete como aquele nunca havia experimentado.

Lista De Coisas Para Fazer.
Tanta coisa para fazer em uma só manhã de quarta feira. Ela é dona de uma empresa de eventos infantis, é bolo, decoração, local, limpeza, mais os eventos de casa: filhos pequenos para cuidar e marido que só pede e reclama e não ajuda em nada. E começou mal a quarta, lista cheia de coisas a fazer, na saída do supermercado perdeu a lista, voltou, procurou, pediu ajuda aos funcionários, nada. Sem a lista algo importante ficaria para trás, puxou pela memória, alguns compromissos lembrava, não todos, foi a última gota de lágrima que fez entornar seus olhos, voltou para casa, hoje, o marido vai ouvi-la reclamar e pedir, e ele que trate de ajudá-la.




segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Iniciação à Palavra em Prosa.

Este é o tema da oficina que a minha querida amiga Eliana Mara Chiossi dará sempre às quartas feiras, das 19h até 21h e 30min, a partir do dia 17 de Agosto de 2011 e que se estenderá até o dia 14 de Dezembro de 2011 na Casa de Cultura Mario Quintana, em Porto Alegre. Serão trabalhados textos em prosa com ênfase em conto, crônicas e artigos. As inscrições estão abertas, apressem-se, há poucas vagas e é "de grátis". Estarei lá, para a felicidade dos meus teimosos leitores, finalmente terei a oportunidade, rara, de aprender a escrever e brindar meus leitores com textos menos sofríveis, um pouco melhor escritos, legíveis e compreensíveis. O lado ruim é que aqui farei as minhas experiências com texto, o que é preocupante, pois não faço a menor ideia do perigo que isso representará à mente de quem ousar me ler de agora em diante. Oremos.