sábado, 5 de maio de 2007

A Dois e A Sós.

Manhã de sol na praia.
Duas pessoas caminhando: ele e ela.
Distantes, mas um de encontro ao outro.
Tão distantes que parecem apenas um ponto para o outro.
Se aproximam.
Se olham.
Mais perto, se vêem.
Se interessam.
Estão sós na praia.
Olhares se cruzam.
Estão perto demais para desviar o olhar, e longe demais para sentir medo.
Se cruzam.
Seguem a caminhada.
Sem palavras.
Mesmos movimentos.
Já distantes, se viram.
Um olha para o outro.
Ao mesmo tempo.
Param.
Voltam.
Se beijam.
Se amam.
Mudos.
Acabam.
Se levantam.
Vão embora.
Prosseguem seus caminhos.
Sós.

Folhas Secas Ao Vento.

Aqui no sul, Abril é um mês de manhãs frescas, quando ocorrem os primeiros nevoeiros, no início rasteiros e tímidos, mês onde se sente o dia encurtar e a noite prolongar. Em Maio vem os primeiros dias frios, ventosos, com menos claridade, mais chuvosos, mês onde as folhas caem e as cores vivas dão lugar ao marrom das folhas mortas e ao cinza do céu nublado.
Tenho me percebido em um Outono na minha vida, tive um período agitado de 2004 até final do ano passado, um Verão na minha vida, agora vejo que entrei em um Outono, não uma estação final da minha vida, uma estação passageira, não uma estação sombria e nem predecessora de um Inverno, apenas uma estação onde o colorido da vida murcha temporariamente e dá lugar às cores mortas que sinalizam um tempo de reflexão, menos convívio social e menos turbulências afetivas, tempo bom e necessário para colocar a cabeça e o coração em ordem, aprontá-los para o que vier pela frente.
Estou entrando na última idade, mas não na última estação. Depois do Inverno sempre vem a Primavera. E vou desabrochar. De novo.

Pensamento Em Série.

Tenho conversado com diversas pessoas nos últimos tempos, no ambiente de trabalho, na minha vida social, e tenho me sentido cansado com a falta de opinião que as pessoas têm a respeito da maioria dos assuntos, as pessoas me parecem papagaios que repetem o que lêem, ou ouvem, ou vêem.
Não há nada de diferente nelas como se as idéias e opiniões fossem, a maioria, padronizadas, as mesmas opiniões formadas a partir dos jornais, telejornais ou de conversas com outras pessoas que também não têm idéias próprias a respeito da vida e do mundo. Robôs que repetem frases feitas, clichês, preconceitos, que explicam tudo da mesma maneira, que sustentam as mesmas opiniões com os mesmos argumentos.
É muito mais fácil repetir o que se houve e se pensar como o outro pensa do que desenvolver a sua própria identidade de pensamento, dá trabalho refletir sobre si, sobre a vida e sobre o mundo, porque são complexos, exigem concentração, conexões com variadas áreas de si e do conhecimento humano, exige segurança e maturidade para que se possa chegar a uma conclusão diferente do óbvio e do lugar comum e ter argumentos para sustentar essa idéia.
Seria melhor que procurássemos pensar mais, por conta própria, ter mais autonomia para escolher as fontes que nos informam e, o mais importante, desenvolver uma visão crítica de nós mesmos, do mundo e da vida, diferente do que está aí posto a todos para pensarem do mesmo jeito. Talvez eu esteja escolhendo mal a parceria das minhas conversas, queria pessoas mais criativas, autênticas, menos doutrinadas e mais dialéticas na forma de pensar.
Estou precisando filosofar um pouco, sinto sede de novos conhecimentos, de novas pessoas, idéias. É hora de renovar minha cabeça, antes que fique tomada por velhos chavões, mesmo que um deles seja: cada cabeça, uma sentença.