domingo, 17 de outubro de 2010

Uma Casa Sem Crianças.

Na semana que passou tivemos a visita de um menininho, sete anos de idade, amigo da Isabelle que se sentiu indisposto na escola, veio para cá porque a sua mãe estava no trabalho, impossibilitada de ficar com ele.
A casa ficou mais movimentada, ruidosa. A voz fininha dele se destacava como um som não reconhecido, diferente, vibrante. Tive que me movimentar na casa prestando atenção para não esbarrar nele porque é pequenino e não constava na lista de pessoas que a gente controla a posição, como os moradores da casa.
Me dei conta de como essa casa ficou menos alegre com o passar dos anos, não há mais crianças morando aqui, as conversas tem um enfoque adulto, as brincadeiras deixaram de ser físicas e passaram a ser verbais, irônicas ou debochadas, piadas sofisticadas que só adulto entende.
Sinto falta da agitação febril da criança e do clima de alegria que ela espalha por uma casa, não é uma saudade intensa a ponto de querer de volta esse clima, é saudade dos tempos que esta casa era mais inocente, simples, onde o problema mais sério era explicar uma piada.

domingo, 10 de outubro de 2010

O Monstro Alheio.

Eu estou diferente, não sei se é a idade, a tal maturidade.
Nas minhas vivências por aí, encontro pessoas que se esquecem de deixar em casa sua amargura, raiva, estupidez, e as despejam em mim ou em quem encontrar pela frente. No passado eu me incomodava com isso, levava à sério, achava que era para mim, emputecia, estragava meu dia e passava um bom tempo ruminando o caso numa tentativa de dar uma resposta ao ataque inexplicável. Eu trazia para mim o problema alheio transformado em ofensa.
Passado os anos, e com alguma experiência de vida, me dei conta que a maioria dos ataques que recebo, seja de conhecidos ou desconhecidos, são motivados por problemas deles e não tem nenhuma relação comigo, sacar isso me fez perder toda a vontade de dar uma resposta à criatura que me ofende, passei a me sentir mais tranquilo, é como se não fosse comigo o incidente. Faço um comentário nada-a-ver e saio deixando a pessoa perdendo seu tempo, e felicidade, alimentando os seus monstros.
Enquanto me alimento de vida.

domingo, 3 de outubro de 2010

O Baile de Máscaras.


O olhar dele cruzou com o dela, as máscaras só permitiam ver o olhar de um e de de outro. Se interessaram, sorriram, disfarçados era melhor para se aproximarem, menos riscos, ansiedade. A conversa fluiu leve, descompromissada.
Sem perceberem, já estavam mais próximos do que se não estivessem mascarados. O baile se aproximava do final, depois de uma longa dança era hora de verem seus rostos. Medo. Ansiedade. Tudo aquilo que havia sido esquecido até então por causa das máscaras reaparece.
Decidem não conhecer o rosto de um e de outro para não estragar o que estava tão bom e combinaram que assim seria.
Passaram o resto da vida juntos e felizes, cada um com sua máscara, a fachada perfeita para um casamento feliz.