segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

A Música e Eu.

Gosto de música, ouço diariamente e, agora, tenho me perguntado o porque dessa relação diária e intensa com ela.
Quando pequeno toquei na Banda Marcial do meu colégio, entrei como mascote com nove anos de idade, depois passei a tocar taról, um tipo de tambor. Participei da Banda Marcial durante toda a minha vida escolar.
Desde criança ouço música no rádio, tinha uns seis anos de idade quando comecei a ouvir, no princípio eram estações em AM com som limitado e abafado, depois vieram as estações de FM com um som melhor, mais límpido. Agora a música está no computador e no tocador de mp3.
Hoje me comparo aos demais da minha idade e vejo que poucos amigos e conhecidos se dedicam a ouvir música de forma regular como eu.
Quando ouço música imediatamente faço uma conexão íntima com meus sentimentos, dependendo da música os meus sentimentos permutam entre extremos. A música age como um chave que abre meus sentimentos e permite que eu tome contato com eles.
Meu gosto musical é bem variado: MPB, pop e rock nacional e internacional, música eletrônica e algumas belas canções orquestradas, a maioria velharias do meu tempo de adolescente e jovem.
Recentemente tenho sentido vontade de trabalhar com música, não sei de que forma e nem com quem, é mais uma sensação vaga do que um desejo construído. Vou ver no que isso vai dar.
Uma bela canção que reflete o que sinto e minha relação com a música é "Music Was My First Love" de John Miles, cuja letra está abaixo.


"Music was my first love
and it will be my last.
Music of the future
and music of the past.
To live without my music
would be impossible to do.
In this world of troubles,
my music pulls me through.

Music was my first love
and it will be last.
Music of the future
and music of the past
and music of the past
and music of the past.

Music was my first love
and it will be my last.
Music of the future
and music of the past.
To live without my music
would be impossible to do.
In this world of troubles,
my music pulls me through".

Não Entendi.

Eu falo, falo, e a pessoa entende só uma parte do que falei. Já aconteceu isso com você? Pois comigo acontece com freqüência.
Por mais que eu me esforce em explicar detalhadamente uma idéia dando ênfase ao mais importante, a pessoa não entende. Destaco o que há de mais importante na idéia com um tom de voz diferente, mas em vão, ela só ouve e entende aquilo que ela quer ouvir ou entender, parece ter ouvidos seletivos. E torno a repetir a idéia de outra forma, com outra entonação, usando uma linguagem mais acessível, mais próxima do popular, quase chula, e ela ainda me olha com olhos incrédulos e duvidosos. Eu canso, deixo o não entendido pelo não entendido e desisto.
Dá trabalho ser entendido, e mais ainda para quem, como eu, exige de si mesmo ser entendido claramente do início ao fim.
Se você leu até aqui é porque entendeu. Obrigado pela visita, nos entendamos sempre.

O Mesmo Ano.

Acabou esse ano, logo mais começa outro, sem pedir licença, sem perguntar se gostamos ou não do que se vai e se queremos trocar pelo novo.
Eu sou indiferente às mudanças de ano, não é o calendário que vai fazer a minha vida mudar. Acredito que eu e a minha postura diante da vida é que podem ter influência direta na minha vida e no rumo que ela irá. Não tomo decisões na mudança de ano que não sejam decisões já amadurecidas em mim e respaldadas pela minha convicção.
O ano de 2007 foi um ano razoável, bem melhor que 2006, este, um ano para eu esquecer. Em 2007 pude retomar a serenidade da minha vida e estabelecer uma base financeira para que eu e minha família nos mantivéssemos. Conheci algumas pessoas, aprofundei a relação com outras e nesse ponto de vista 2007 foi bom, também. O trabalho me exigiu bastante e fez com que o ano passasse aparentemente muito mais rápido que os anteriores. Cheguei ao final do ano mais cansado e sem férias, estou aproveitando os feriados de final de ano para descansar, depois, só no Carnaval.
Não vejo 2008 diferente de 2007 até o momento, pretendo tocar a minha vida com tranquilidade, me equilibrando entre as dificuldades que surgirão, pois são inevitáveis. Com saúde, amor e uns trocados no bolso vai dar para encarar esse 2008.

domingo, 16 de dezembro de 2007

Penso, Logo Canso.

Estou querendo dar férias para a minha cabeça, estou cansado de pensar, é o dia todo e até dormindo. Chega.
Quero assistir a um filme, ouvir uma música, ir para o meio do mato, não pensar em nada e evitar os pensamentos redundantes dos quais estou cansado. É muita elocubração, achismo, dedução, "será que" e outros pensamentos estereotipados que já me cansaram. Não chego a lugar nenhum com eles, é um lixo mental que fica ocupando espaço e tempo na cabeça. Não quero pensar "até quando o carnaval chegar".
Vou pedir isso ao Bom Velhinho, quem sabe ganho? Tenho me comportado bem este ano.

sábado, 15 de dezembro de 2007

Acredito Em Papai Noel.

Eu acredito, não no Bom Velhinho, nas renas, no saco cheio de presentes, mas acredito no que o Papai Noel simboliza: a esperança, possibilidade de um dia melhor, a fantasia, o sonho, a chance de uma vida melhor e um mundo menos injusto.
Não sou religioso e separo o significado do Natal que escrevi acima do valor católico que ele possui.
Não acredito em vida sem o sonho, a fantasia e a esperança. É tempo de sonhar, de acreditar que podemos ter um futuro ainda melhor do que temos. Tempo de transmitir aos pequenos que a fantasia é boa, mas não viver nela, deixar em um cantinho da nossa alma um lembrete de que a vida não é só a dureza do dia-a-dia, a morte, a fome, as dívidas e a maldade.
Sigo acreditando em Papai Noel.

domingo, 9 de dezembro de 2007

Selada Com Um Beijo.

Hoje uma forma rápida e fácil de se comunicar é via e-mail. No passado era mais comum a carta.
O e-mail viaja para qualquer lugar do mundo onde a outra pessoa estiver, chega quase instantaneamente e tem seu custo irrisório. Mas há uma diferença substancial e eu me dava conta da diferença enquanto ouvia a antiga canção "Sealed With a Kiss" interpretada por Bobby Vinton.
Eu tentei substituir na letra da música a palavra "letter" por "e-mail", só que não funcionou, o e-mail não pode ser selado com um beijo, não pode ter um anexo que exale o perfume que pode ser adicionado ao papel da carta, não se vê a letra da outra pessoa e o significado único que ela tem. E-mails são modernos, rápidos e práticos, mas, diferente das cartas, são frios por mais afetuosas que sejam as palavras nele contidas e não dá para segurar um e-mail nas mãos, mesmo que impresso, ver a marca dos lábios de quem a gente ama e sentir o seu cheiro.
Pelo menos por enquanto.


Bobby Vinton - Sealed With A Kiss

Though we gotta say goodbye for the summer
Baby, I promise you this
I'll send you all my love
Every day in a letter
Sealed with a kiss

Yes, it's gonna be a cold lonely summer
But I'll fill the emptiness
I'll send you all my dreams
Every day in a letter
Sealed with a kiss

I'll see you in the sunlight
I'll hear your voice everywhere
I'll run to tenderly hold you
But baby, you won't be there

I don't wanna say goodbye for the summer
Knowing the love we'll miss
So let us make a pledge
To meet in September And seal it with a kiss

Yes, it's gonna be a cold lonely summer
But I'll fill the emptiness
I'll send you all my love
Every day in a letter
Sealed with a kiss
Sealed with a kiss
Sealed with a kiss.

sábado, 1 de dezembro de 2007

Francamente: Um Defeito.

Por vezes encontro pessoas que dizem que uma de suas qualidades é a franqueza. Essa afirmação na maioria das vezes não corresponde à verdade. Não que as pessoas estejam mentindo, elas são francas, sim, francas demais ou francas da maneira errada.
Quando penso em franqueza, penso em pessoa que emite a sua opinião de forma clara, seja a favor ou contra alguém ou alguma coisa, porém não é uma questão simples assim ser franco. Se alguém emite a sua opinião de uma forma grosseira, apressada, parcial, para a pessoa errada, no momento errado ou em num tom de voz alterado a franqueza deixa rapidamente de ser uma qualidade para se tornar um sutil e sensível defeito, uma agressão ligada à falta de educação.
Franqueza não pode ser confundida com grosseria, para ser franco alguém tem que ter sensibilidade para que use essa sua característica como uma qualidade. É um terreno crítico, quando não colocamos as palavras com brandura agredimos o outro mesmo que estejamos pensando em ajudar nós atrapalhamos, constrangimos e fazemos mal a quem gostamos.
Desculpa a franqueza.

sábado, 24 de novembro de 2007

O Vazio.

No meio da semana que passou fui tomado por um um sentimento de vazio. Difícil de definir e de identificar a sua origem, mas fácil de sentir pois tomou conta da minha alma transformando-a em um gigantesco hangar vazio, qualquer som ecoava no ambiente anímico, era como se minhas emoções e meu espírito sumissem e deixassem um vácuo no lugar.
Já senti isso no passado, nunca consegui identificar a causa desse sentimento que me deixa paralisado, sem sentir nada, como se as minhas emoções e sentimentos tivessem sido roubados, o que pode ser uma pista para que eu descubra a origem desse sentimento de vazio. Um dia depois ele se foi, tão rápido e sinistro como veio e eu fiquei com a sensação de que um dia ele voltará. Deixou em mim a curiosidade em saber de onde ele vem e para onde ele vai, porque surge e desaparece aleatóriamente. Um mistério, por um lado sedutor, por outro assustador, porque se eu desvendá-lo tenho a intuição de que pode não ser uma descoberta agradável. Enquanto isso encho a alma de carinho que recebo das pessoas que me são próximas e é muito bom receber um reforço no amor próprio ainda mais quando me sinto tão vazio.

domingo, 18 de novembro de 2007

EgoSCRITOR.

Eu gosto de escrever, publico aqui meu textos, participo de fóruns e comunidades na Internet onde emito minhas opiniões, faço comentários e respondo a questões.
Na última semana refleti sobre esse meu ato de escrever. Me dei conta que apesar de interagir com as pessoas nessas atividades com o meu texto, o escrever é mais um ato de prazer pessoal e narcisista que tem a função de me satisfazer antes de mais nada. Dito assim parece algo antipático, como se eu usasse o leitor em uma atitude egoísta. Não está de todo certo nem de todo errado. É uma troca: meu prazer em escrever e o prazer do leitor em me ler. Tá certo que nem sempre ler o que escrevo dá prazer, mas garanto que escrever sempre me proporciona uma prazer enorme, maior ainda se houver uma troca com o leitor.
Essa troca abre uma outra perspectiva que é a de ser objeto da admiração do leitor. Eu, como semi escritor, semi anônimo, também sinto prazer em ser lido e admirado pelo que escrevo, novamente reforçando meu lado narcisista e me fazendo visível e reconhecível como pessoa porque quem me lê, indiretamente, me diz que eu existo e estou vivo, presente na mente dela.
Escrever é uma ato bem mais complexo que catar as letras nas teclas no teclado, antes, cato um pouco das teclas simbólicas que estão escondidas dentro de mim e que juntas revelam quem eu sou e como eu sou.
Sempre que eu descobrir novas teclas dentro de mim as pressionarei, e novos textos produzirei e aqui os publicarei. Egoística e prazeirosamente para nós.

sábado, 10 de novembro de 2007

A Harpista.

Desde adolescente ela tocava harpa, era quase uma extensão do seu corpo, um membro seu que interagia com o ar, dando vazão aos seus sentimentos.
Sempre que ela estivesse muito alegre ou triste ela tocava harpa, o instrumento transferia para o ar seus sentimentos em forma de notas musicais perfeitamente entrosadas com seu coração, fluindo sincronizadas com as batidas dele. Harmonia perfeita.
Hoje ela pegou a harpa de um jeito diferente, sentou à mesma cadeira de sempre, porém sem roupa, trouxe o instrumento contra seu peito nu, começou a tocar uma melodia linda, seus dedos dedilhavam o instrumento como se o acariciasse em uma relação erótica, os sons eram ritmados, sensuais, arrastados. Sua mente voou para longe, onde a fantasia se tornava música e a música, um ato de amor. O vento que entrava pela janela fazia seus longos cabelos esvoaçarem e transportavam a melodia para o infinito, aquele ponto para onde tudo converge e nada se toca, onde o tempo deixa de existir e o desejo vira a única possibilidade de existência.
A música abruptamente lhe escapou contra a sua vontade, assim como o tempo e o desejo, restando-lhe apenas a imagem viva na sua mente do que um dia poderia ter acontecido.

sábado, 27 de outubro de 2007

Aqui e Agora.

Fica.
Não vá embora agora.
Deixa eu curtir esse momento.
Me perder nos seus cabelos.
Na sua pele.
Na sua alma.
Não me deixa aqui sozinho.
Comigo mesmo.
Com o celular que não toca.
Sem o meu espelho.
Sem a minha esperança.
Fica aqui como minha referência.
Meu Norte.
Meu passado e meu futuro.
Me ajuda a crescer.
A não sentir dor.
A não ter pesadelos.
A não sentir fome nem sede.
Me ajuda a preparar o nosso caminho
Para que cheguemos ao nosso Paraíso.
Juntos.

E as Meninas? Do Que São Feitas?

As meninas sempre foram uma incógnita para mim. Eu não tenho irmãs e desde pequeno meu contato com as meninas foi distante. No colégio, por causa da idade e das particularidades dela eu me relacionava só com meninos. Quando os hormônios iniciaram a minha adolescência meu interesse por elas aumentou, apesar disso me faltava jeito para me aproximar. Veio a faculdade e eu pude, então, conhecer uma pouco mais da natureza feminina porque na faculdade eu conseguia ser um pouco mais solto e me relacionar com as meninas sem tanto receio.
Sinto falta de não ter me relacionado com meninas antes, hoje, eu posso dizer que conheço as mulheres um pouco mais, mas menos do que eu gostaria. As mulheres ainda são, para mim, misteriosas, instigantes, sedutoras e maravilhosas, talvez por tudo isso que até hoje me interesso por elas. Queria conhecer a sua essência, mas poucas se revelam, a maioria ou esconde a sua natureza ou sequer conhece a si mesma a ponto de poder se mostrar como verdadeiramente é, mesmo assim continua sendo um prazer conhecer as mulheres, sua alma, seus desejos, seu afeto.
Hoje, casado, me limito a observar e a imaginar, deslumbrado, a variedade de personalidades femininas que existe e sigo tentando descobrir do que as meninas são feitas.

sábado, 20 de outubro de 2007

Panos Infantis.

Em um dia dessa semana que passou apareceu no meu serviço um menino de não mais que oito anos de idade vendendo panos de pratos. Meus colegas, sempre espirituosos, começaram a falar com o menino e a fazer algumas brincadeiras com ele. Passado algum tempo o menino embrabeceu com as brincadeiras, alterou a sua voz e, se referindo ao seu ofício, disse:
- Eu não estou brincando.
Parei. Por uns instantes meu pensamento se afastou do trabalho e me remeti ao mundo da filosofia e da psicologia, mergulhei em idéias sobre o que um menino da idade dele sentia, qual era o seu mundo, porque estava ali, vendendo panos de pratos e a profundidade da frase acima. Meninos de oito anos de idade não deveriam trabalhar como ele estava fazendo, deveriam estudar e brincar, mas a realidade dele era essa e preferi deixar a questão para as ONG's e entidades governamentais que tem uma política e desenvolvem luta contra o trabalho infantil.
Foi uma dura experiência me deparar com uma criança tão pequena já trabalhando, uma situação é saber do trabalho infantil pela mídia, outra é ver essa realidade na minha frente sendo dita de uma forma tão veemente e perturbadora. Passei o restante do dia pensando nisso. Foi um dia menos alegre.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Eu? Nuco!

É bom ser homem. É bom viver, desfrutar dos prazeres das coisas simples da vida: uma boa comida, um banho quente, uma boa conversa, a companhia dos amigos, ouvir uma bela canção, ver um filme legal, ler um livro que prende a atenção, dormir quando se está com sono, e, claro, o embate de Eros.
Desde a minha adolescência quando os hormônios tomaram conta do jogo no meu corpo que me tornei escravo do desejo sexual, minha atenção se voltou às mulheres eu querendo ou não, meu olhar ficou hipnotizado para sempre por elas. Quando ando na rua é como se eu possuísse um software programado para que eu só visse as mulheres e os homens fossem apagados da minha visão, quando converso com uma mulher, ao mesmo tempo que converso, penso nela como mulher e se eu teria ou não chance com ela.
Casei, mesmo depois de casado o desejo permaneceu presente como em todo homem normal, o problema da saciedade foi resolvido com a disponibilidade e a freqüência, ainda assim o incômodo do desejo permaneceu, porque ele incomoda, escraviza, obriga, não dá refresco. Em uma reunião de trabalho ou mesmo na rua, onde quer que eu esteja os meus olhos percorrem territórios femininos sem permissão, esquadrinham colos, pernas, retaguardas, mãos, olhos, como se eu fosse um robô programado para vasculhar e descobrir entidades femininas que fossem interessantes, desejáveis, conquistáveis. Um sorriso feminino dirigido a mim dispara a minha imaginação, um elogio feminino me faz perder o rumo.
Cansa. Pode parecer absurdo, contraditório e inexplicável, mas cansa ser dominado por esse desejo. Eu queria ser livre, desejar quando quisesse, não precisar olhar hipnoticamente para todo ser de cabelo comprido com batom nos lábios e brincos nas orelhas, queria poder me desligar por um tempo, ver o mundo com mais isenção, ver uma mulher primeiro como pessoa antes de vê-la como mulher, ouvir a voz dela e não imaginar tudo o que me passa pela cabeça - e como me passa! Queria não ter que precisar me aliviar de tempos em tempos, por vezes em momentos e em locais inadequados porque o reator interno atingiu uma temperatura elevada e se eu não o fizer parece que vou explodir da tanta "tensão".
É bom desejar, mas desde que acompanhado da devida saciedade, desejar sem poder satisfazer a vontade é enlouquecedor.
Eu quero ser livre para poder ser humano antes de ter que vestir a roupa de homem quando acordo todos os dias e até nos meus mais profundos e bem guardados sonhos.
Eu queria não desejar.

domingo, 7 de outubro de 2007

Um Erro, Dois Erros, Três Erros, Assim.

Já faz algum tempo que adoto o que diz o ditado: "Um erro não justifica outro" para guiar as minhas ações, mas nem sempre consigo ser fiel aos meus ideais, há momentos em que a raiva aumenta por causa de uma agressão ou injustiça cometidas comigo, a vontade de retaliação aparece forte e um erro acaba sendo cometido por mim como resposta a um erro primeiro cometido por outros, depois que faço me arrependo, fico com remorso e me sentindo culpado, maldita emoção que me corrompe princípios e perpetua um desentendimento.
Fui mais impulsivo na minha juventude, hoje só cometo esses deslizes em cada vez mais raras ocasiões, ainda bem.

sábado, 6 de outubro de 2007

Foi Só Uma Brincadeira.

Quando nos expressamos enviamos mensagens. Pode ser apenas uma, direta, mas podem ser mais de uma, a explícita e outra, ou outras, implícitas, mas não menos importantes que a mensagem direta.
Quando brincamos através de palavras muitas vezes usamos a brincadeira para mandar mensagens não tão engraçadas, podemos ocultar na brincadeira uma ironia, hostilização, deboche, menosprezo e outras várias mensagens que nem sempre têm o objetivo de divertir e, sim, de agredir a outra pessoa.
Na minha vida pessoal tenho me deparado com situações que descrevi acima, são pessoas que convivem comigo e que pensam que eu não me dou conta desses artifícios baixos de agressão, como são pessoas limitadas intelectualmente é fácil disfarçar e me fazer de desentendido diante das brincadeiras nada divertidas enquanto observo essas pessoas e tiro as minhas conclusões sobre a sua personalidade e caráter.
Brincar é bom e saudável, mas que seja uma brincadeira autêntica, pura, honesta, daquelas que nos fazem deixar escapar uma risada solta, que nem sempre conseguimos fazê-la parar e que, no futuro, quando lembramos dela nos pegamos rindo sozinhos na calçada, no banheiro, onde quer que estejamos.

domingo, 30 de setembro de 2007

Ambigüidade. Colocando os Pingos no "U".





Quando eu disse "não", não quis dizer "não" para sempre.
Quando eu disse "sim" eu não quis dizer "sim" para tudo.
Quando eu disse "gosto do azul" não quis dizer que não gosto do amarelo.
Quando eu disse "vou embora" não quis dizer que não voltarei nunca mais.
Quando eu disse "que legal" eu não quis somente agradar.
Quando eu disse "está bom" não quis dizer que não poderia melhorar.
Quando eu disse, eu acreditei que você ouvisse.
Quando eu disse, eu acreditei que você entendesse.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Saudade.

Saudade do que não aconteceu.
Do por vir que não veio.
Do que não foi explicado.
Do vazio.
Da ausência.
Saudade de ter por quem sentir saudade.
Saudade de ter saudade.

Ejafalação Precoce.

As pessoas falam muito, em casa, na rua, no trabalho. Fala-se o que se deve e o que não se deve falar, palavras jogadas ao ar se propagando em todas as direções, nem sempre na direção correta, palavras vilipendiadas e desvalorizadas.
Tenho notado algumas pessoas que vivem à minha volta que têm o mau costume de primeiro falar depois pensar, como se pensar exigisse um esforço acima de sua capacidade, parece uma preguiça mental. Preferem disparar palavras à esmo criando um tumulto sonoro dispensável e vazio. Enquanto se fala não se pensa direito. Por que não parar um pouco de falar como reflexo condicionado e observar, analisar, pensar sobre e, depois, com vagar e segurança, falar? Quem sabe assim poderemos estimular o saudável hábito de pensar, formar uma opinião própria a respeito dos assuntos que servirá de base para desenvolver uma visão crítica de si mesmo e dos demais? Pense nisso.

sábado, 1 de setembro de 2007

Um Ano.

Os anos de 2005 e 2006 não foram bons para mim, o meu escritório ficou sem mercado e sem receita, foi um período muito ruim: falta de grana, contas atrasadas, sentimento de não ser útil, nem digno, dúvidas com relação à minha capacidade e precisando da ajuda de amigos, pois foi exatamente um amigo que resolveu o problema me oferecendo emprego no ano passado. Hoje completa um ano que estou trabalhando com ele, passou muito rápido, me sinto muito melhor, útil, digno, confiante, com base para poder pensar melhor o meu futuro e o da minha família.
Não quero nem lembrar como foi ruim até um ano atrás, tempo para ser esquecido, mas não totalmente, serviu de lição de vida e, também, para valorizar cada momento de felicidade que eu tenho e agradecer à minha família que não me abandonou em nenhum momento durante o período mais difícil, confiou que teríamos dias melhores e está ao meu lado até hoje.
Devo agradecer porque tenho uma família maravilhosa e sou muito, mas muito feliz também por isso.

domingo, 26 de agosto de 2007

Por Que Conversar Se Eu Posso Brigar?

Tenho observado as pessoas à minha volta e verificado como algumas delas têm optado por resolver de forma equivocada seus problemas envolvendo outras pessoas.
Noto, com frequência, que muitas pessoas preferem partir diretamente para uma briga verbal do que tentar resolver as suas diferenças com outra pessoa conversando e buscando, assim, um entendimento. Me parece que para essas pessoas o caminho da agressão e do revide é mais fácil do que uma conversa franca onde exporiam o seu descontentamento e suas diferenças com o outro.
Sei que não é fácil se dispor a sentar e conversar determinados assuntos desconfortáveis, mas é, ainda, a melhor forma de resolver um desentendimento. O caminho do confronto não resolve o problema, só o agrava e o adia, pois a violência afasta qualquer possibilidade de conciliação e estimula a hostilidade. É uma lição que aprendi na minha vida e fico surpreso quando vejo pessoas da minha idade tentando resolver seus problemas com enfrentamento, ao invés da conciliação, talvez sejam pessoas que ainda não aprenderam, como eu, o que a vida lhes ensinou, ou, quem sabe, sejam pessoas diferentes de mim e a minha experiência não tenha o valor para elas como tem para mim.

domingo, 19 de agosto de 2007

A Linguagem do Sorriso.

No edifício onde moro a maioria dos vizinhos são da minha idade, casados ou com relacionamentos estáveis, mas casamento não é eterno e, de vez em quando, algum casal se separa.
É interessante comparar o comportamento das mulheres que antes eram casadas e, portanto, comprometidas, com o novo comportamento delas, agora solteiras e descompromissadas. Quando casadas cruzavam por mim e mal cumprimentavam, eram cumprimentos frios e protocolares, curtos e sérios, um gesto de cabeça. Depois de separadas os cumprimentos passaram a ser diferentes, mais calorosos, menos monossilábicos, acompanhados de um sorriso largo, um olhar mais buscador e menos furtivo e dissimulado. Talvez elas se comportem assim por se sentirem livres de um companheiro mala ou relacionamento fracassado, talvez estejam buscando novas referências de amizade.
É curioso observar como o sorriso é uma linguagem usada para estabelecer contatos ou não, um cartão de visitas que diz à outra pessoa: estou receptiva ou não.
Da parte dos homens recém separados não noto mudança no cumprimento, observo apenas que passam a movimentar mais a cabeça à procura de alguma dama que esteja passando próxima a ele.
São as diferenças dos sexos: enquanto a mulher recém separada busca estabelecer uma relação a partir do contato visual, olhos nos olhos com um outro homem, o homem busca uma relação olhando para o corpo da mulher, começam por aí as nossas diferenças.

sábado, 18 de agosto de 2007

Aniversários.

Durante a semana que passou ocorreram dois aniversários importantes. O primeiro, dia 14, da minha filha. Ela fez 11 anos de idade e foi inevitável eu relembrar sua história conosco, desde quando ela nasceu, quando a peguei nos braços pela primeira vez, pequeninha que ela era, até hoje, quase uma mocinha, alta e serelepe.
Recebemos muitos amigos aqui em casa na festa, amiguinhos dela e amigos e parentes nossos, foi uma festa bem bacana, com comes e bebes e presentes, se bem que ela não dá bola para presentes, abre, mata a curiosidade e coloca de lado. Agora me preparo para a adolescência dela, meio perdido sem saber o que fazer com uma menina se tornando uma mulher, despertando o interesse de outros meninos e de não tão meninos assim, já no próximo aniversário acredito que deva ter mais movimentação e um ou outro amigo dela presente, duplamente interessado...
O outro aniversário importante, dia 16, foi o de uma amiga, daquelas pessoas que eu conto mais da minha saúde do que para um médico, mais da minha alma do que para um psicólogo. Mesmo estando distante fisicamente espero ter podido enviar daqui meus cumprimentos e sentimentos que reflitam o quanto gosto dela e o quanto ela me é importante.

domingo, 12 de agosto de 2007

Noites Insones.

Ontem, pela primeira vez, meu filho saiu à noite para se divertir com uma prima dele, foi a uma festa, balada como se diz hoje. Foram de carona na ida e voltaram de táxi com hora já previamente combinada para o retorno com um taxista conhecido.
Fui dormir com a sensação estranha e desconfortável de saber que meu filho e a prima estariam expostos à falta de segurança da noite, apesar dos cuidados que tomamos com o transporte deles, mas estariam em um ambiente com poucas pessoas conhecidas e muitas desconhecidas, lembrei de notícias policiais envolvendo jovens que saíam à noite só para se divertir e que acabavam sendo vítimas de assaltos ou homicídios.
Me senti aliviado quando eles chegaram, felizes, às quatro horas da manhã. A prima dormiu aqui, conosco.
Estou me preparando para noites meio insones daqui para a frente, logo será a baixinha que estará saindo para se divertir.

Da Sala Para o Quarto.

Alguns meses atrás meu filho deu a sugestão de tirar o computador dele da sala de casa, onde estava junto com o meu, e transferí-lo para o seu quarto. Na semana passada fizemos a transferência, aproveitei e transferi o meu para o meu quarto, também. Foi um trabalhão! Começamos a mudança no sábado passado, às 13h, e terminamos, acabados, às 19h45min. Meu filho me ajudou, mas o trabalho maior ficou para mim, incluiu: abrir espaço e limpá-lo nos quartos para os móveis dos computadores, desmontar os computadores na sala e limpá-los junto com seus respectivos móveis, colocar os móveis nos quartos, recolocar os computadores nos móveis e religá-los, trocar a fiação da linha telefônica desde a entrada do apartamento até o meu quarto e colocar um cabo de rede entre meu quarto e o quarto da galerinha.
A mudança foi boa, ficou melhor para nós. Na sala havia muitos estímulos para distrair: TV ligada, telefone que tocava, falatórios mil e os filhos adolescentes sempre em clima pré-III Guerra Mundial, no quarto ficou mais sossegado e ainda posso ligar o computador ao aparelho de som e ouvir as minhas mais de mil músicas em mp3 que tenho no computador. Legal!

domingo, 5 de agosto de 2007

Pai, Afasta de Mim Esse Cálice.

Na semana do Dia dos Pais eu sempre me coloco na posição de filho e de pai, já escrevi aqui na posição de pai, agora queria me colocar na de filho.
Após o falecimento de minha mãe, meu pai se ressentiu da ausência dela o que, provavelmente, colaborou para que ele demonstrasse mais os sinais de envelhecimento no seu comportamento. Nos últimos anos de vida o pai criou algumas situações com as quais tive que lidar, algumas resolvi bem, outras mais ou menos e uma menor parte resolvi mal, não por maldade, mas por não ter podido, ou não sabido resolver, ou por não ter tido grana suficiente para resolver melhor. Sinto-me culpado por não ter cuidado dele como eu poderia tê-lo feito.
A culpa e eu somos velhos conhecidos, por isso nem sempre consigo enxergar quando ela surge com propriedade ou quando está aí só para me atrapalhar, mas incomoda, parece um fantasma me assombrando de tempos em tempos. Desde que ele faleceu, em 2005, só agora consigo falar sobre esse sentimento e entendê-lo melhor, e queria que ele, onde estivesse, entendesse que fiz o que pude para bem cuidá-lo dentro das minhas limitações como filho e ser humano.

sábado, 4 de agosto de 2007

sábado, 21 de julho de 2007

Monitor, monitor meu...

Estamos sediando os Jogos Panamericanos, competição que ocorre de tempos em tempos, mas há outros jogos que ocorrem diariamente, em casa, na escola, no trabalho, nas calçadas e no mundo virtual que envolvem homens e mulheres e que fazem parte dos jogos de sedução.
Em situações bem específicas como nos chats e fóruns da Internet, por exemplo, cada sexo faz o seu marketing para vender a si, o seu produto e atrair o sexo oposto - o seu consumidor - com uma linguagem adaptada a esse moderno meio. Com a liberação dos costumes e o pseudo anonimato da rede fala-se mais de sexo, gostos e preferências facilitando a divulgação deles.
Homens são atletas sexuais, não ficam em uma por noite, dão mais, seu instrumento é grande e poderoso, sempre maior que os dos seus competidores. As mulheres lêem e ouvem o que eles gostam, preferem o que eles gostam, querem e usam muito bem o que aprendem sobre eles, montam estratégias de sedução baseadas nisso. Elas gostam de sexo anal, fazem sexo oral e engolem tudo, estão sempre dispostas a transar, tomam iniciativa, tem desejo sexual igual ou maior que o seu homem, decotes generosos e bundas salientes e por aí vai. Eles, ativos nas conquistas, elas, passivamente seduzindo e conduzindo a dança.
Cada pessoa entra em chats e fóruns para saciar as suas necessidades: obter atenção, ser admirado, paparicado, receber elogios por sua performance, despertar o desejo dos outros, ter alguém com quem compartilhar seus dramas, buscar respostas para dilemas que ainda não pode resolver, se alimentar desse grande espelho virtual e apagável que é a Internet escondido por detrás de um apelido que permite projetar nele o que quiser ser e obter dele a resposta que melhor lhe convier, porque no mundo virtual é fácil manipular o outro, sem o olho no olho e com o monitor aceitando tudo a Internet virou a responsável pela felicidade etérea de muitos que se assustam com a crueldade do mundo real que cobra caro pelo que somos ou dizemos ser. Melhor deixar que a felicidade construída por bits de prosa domine, nem que seja por instantes para dar um gostinho de prazer, mesmo que frio e descartável. Para muitos bem melhor que a dureza do mundo real.

domingo, 15 de julho de 2007

Dois Sonhos.

Minha filha pediu para dormir comigo a noite que passou. De manhã acordei e passei minha mão pelos cabelos dela, ela acordou e disse:
- Espera, pai... tô sonhando, um sonho legal...
Ela continuou a dormir e eu a observá-la, linda, e a sonhar acordado com a filha que amo.

sábado, 7 de julho de 2007

A Deusa.

Uma mulher perfeita em todos os aspectos: bela, alta, corpo bonito, desejada pelos homens. Personalidade madura, bem resolvida. Mulher contemporânea, viajada, que sabe o que quer e o que não quer. Sem defeitos, sem joanete, mau hálito, celulite, estrias, olheiras, espinhas. Sem medo, vergonha, repressão sexual. Nunca levou um fora, não se arrepende de nada que tenha feito ou deixado de fazer. Sem problemas financeiros, afetivos, existenciais ou espirituais. A mulher que todas as mulheres queriam ser e todos os homens queriam ter. Uma deusa sobre a face da Terra, como tal, adorada por muitos e idolatrada, fazia juz a uma religião, ter a sua imagem cultuada e suas palavras escritas em um livro sagrado.
Mas como nem tudo é tão perfeito assim, nem mesmo na fantasia mais desejada, ela permaneceu no seu Olimpo imaginário, isolada de seus adoradores que, por mais que a desejassem jamais a tocariam, pois esse Olimpo era inatingível para eles, mortais, e de lá ela nunca sairia porque seu amor próprio era tão próprio que não a permitia sequer ver os mortais, e viveu condenada à solidão de sua perfeição, como uma deusa que habita o nosso imaginário e que nunca deixará de ser um produto da nossa imaginação, pois não suportaríamos a decepção de saber que a nossa deusa perfeita não passava de alguém tão limitado quanto a nossa própria insignificância.

sábado, 23 de junho de 2007

Os Dias Dos Amigos.

Ontem recebi um e-mail simples, breve, mas muito importante, uma mensagem dizendo que alguém gostava de mim, uma amiga escreveu, amiga especial que com esse gesto simples, expontâneo e incondicional mudou o meu dia e os próximos, também.
Aqui mesmo nesse blog, em Julho do ano passado eu já havia escrito como meus amigos são importantes para mim e como tenho dificuldade em externar isso a eles, pode ser por vergonha, medo da declaração ser mal interpretada ou outro motivo qualquer, mas queria deixar muito claro que amo os meus amigos e a essa amiga em especial que me escreveu e que só eu sei o quanto sinto desse amor por ela e pelo meus demais amigos.
Eu os amo, embora não pareça, pois os meus gestos nem sempre refletem meus sentimentos.

sábado, 9 de junho de 2007

Mãos de Fada.

Eu corto o cabelo em um salão perto de casa, ele é grande, deve ter uns vinte ou trinta profissionais trabalhando, quando chego não faço questão de ser atendido por nenhuma pessoa, prefiro o cabelereiro que estiver livre para eu ser atendido mais rapidamente.
Ontem fui cortar o cabelo e fui atendido por uma senhora de poucas palavras, mas muito capaz, pude sentir que ela cortava meu cabelo com atençao e dedicação, estava concentrada no que fazia, mesmo quando o celular dela tocou para atender a uma chamada da sua filha.
Ela cortava o cabelo com delicadeza, quase uma massagem e eu fui ficando cada vez mais relaxado, quase dormi na cadeira, sem falar que ela cortou o cabelo exatamente como eu pedi, ficou excelente. Por essas dá vontade de preferir sempre ela, nem sei seu nome, mas ficou na minha memória a boa profissional que ela é.

A Neblina.

Como toda criança eu estranhava os dias de nevoeiro intenso, não entendia o que havia acontecido com o sol que se escondia e toda a paisagem ficava enevoada, esbranquiçada, com tons de cinza. Me confundia com o horário, não sabia se era de manhã ou de tarde, se era hora de almoçar ou não. Também me sentia oprimido, a névoa me passava uma sensação de prisão, meu olhar ficava limitado e contagiava meu espírito que se abatia com o dia fechado.
Há poucos dias a cidade amanheceu coberta por uma intensa névoa como há muito eu não via e eu me lembrei da minha infância, das sensações que eu tinha por conta da neblina, revivi um pouco disso, da falta que o sol me fazia, de ver o céu, azul ou não, do sentimento de prisão que é estar sob neblina. Curiosamente uns dias antes dessa neblina os dias estavam maravilhosos, céu muito azul, sem nuvens, contrapondo com o dia de neblina que em determinados invernos aparece, como nesse outono com cara de inverno que estamos tendo em 2007.

sábado, 5 de maio de 2007

A Dois e A Sós.

Manhã de sol na praia.
Duas pessoas caminhando: ele e ela.
Distantes, mas um de encontro ao outro.
Tão distantes que parecem apenas um ponto para o outro.
Se aproximam.
Se olham.
Mais perto, se vêem.
Se interessam.
Estão sós na praia.
Olhares se cruzam.
Estão perto demais para desviar o olhar, e longe demais para sentir medo.
Se cruzam.
Seguem a caminhada.
Sem palavras.
Mesmos movimentos.
Já distantes, se viram.
Um olha para o outro.
Ao mesmo tempo.
Param.
Voltam.
Se beijam.
Se amam.
Mudos.
Acabam.
Se levantam.
Vão embora.
Prosseguem seus caminhos.
Sós.

Folhas Secas Ao Vento.

Aqui no sul, Abril é um mês de manhãs frescas, quando ocorrem os primeiros nevoeiros, no início rasteiros e tímidos, mês onde se sente o dia encurtar e a noite prolongar. Em Maio vem os primeiros dias frios, ventosos, com menos claridade, mais chuvosos, mês onde as folhas caem e as cores vivas dão lugar ao marrom das folhas mortas e ao cinza do céu nublado.
Tenho me percebido em um Outono na minha vida, tive um período agitado de 2004 até final do ano passado, um Verão na minha vida, agora vejo que entrei em um Outono, não uma estação final da minha vida, uma estação passageira, não uma estação sombria e nem predecessora de um Inverno, apenas uma estação onde o colorido da vida murcha temporariamente e dá lugar às cores mortas que sinalizam um tempo de reflexão, menos convívio social e menos turbulências afetivas, tempo bom e necessário para colocar a cabeça e o coração em ordem, aprontá-los para o que vier pela frente.
Estou entrando na última idade, mas não na última estação. Depois do Inverno sempre vem a Primavera. E vou desabrochar. De novo.

Pensamento Em Série.

Tenho conversado com diversas pessoas nos últimos tempos, no ambiente de trabalho, na minha vida social, e tenho me sentido cansado com a falta de opinião que as pessoas têm a respeito da maioria dos assuntos, as pessoas me parecem papagaios que repetem o que lêem, ou ouvem, ou vêem.
Não há nada de diferente nelas como se as idéias e opiniões fossem, a maioria, padronizadas, as mesmas opiniões formadas a partir dos jornais, telejornais ou de conversas com outras pessoas que também não têm idéias próprias a respeito da vida e do mundo. Robôs que repetem frases feitas, clichês, preconceitos, que explicam tudo da mesma maneira, que sustentam as mesmas opiniões com os mesmos argumentos.
É muito mais fácil repetir o que se houve e se pensar como o outro pensa do que desenvolver a sua própria identidade de pensamento, dá trabalho refletir sobre si, sobre a vida e sobre o mundo, porque são complexos, exigem concentração, conexões com variadas áreas de si e do conhecimento humano, exige segurança e maturidade para que se possa chegar a uma conclusão diferente do óbvio e do lugar comum e ter argumentos para sustentar essa idéia.
Seria melhor que procurássemos pensar mais, por conta própria, ter mais autonomia para escolher as fontes que nos informam e, o mais importante, desenvolver uma visão crítica de nós mesmos, do mundo e da vida, diferente do que está aí posto a todos para pensarem do mesmo jeito. Talvez eu esteja escolhendo mal a parceria das minhas conversas, queria pessoas mais criativas, autênticas, menos doutrinadas e mais dialéticas na forma de pensar.
Estou precisando filosofar um pouco, sinto sede de novos conhecimentos, de novas pessoas, idéias. É hora de renovar minha cabeça, antes que fique tomada por velhos chavões, mesmo que um deles seja: cada cabeça, uma sentença.

sábado, 21 de abril de 2007

Silenciosa Calmaria.

A freqüência dos posts aqui no blog demonstram como está meu mundo interno, quando há muitos posts é sinal de agitação, envolvimento emocional, inquietude, ansiedade, tristeza, alegria ou outro estado de espírito que me mobiliza.
Nas últimas semanas tenho experimentado uma calmaria na minha vida interior, menos mal que não está sendo movimentada por algo ruim, mas bem que poderia se agitar com uma notícia boa, não? Eu gostaria de postar mais e movimentar o blog, mas não estou com conteúdo e não escreverei posts vazios, para encher linguiça com ou sem trema! Por respeito a você que aqui acessa e dedica seu tempo a me ler.

sábado, 24 de março de 2007

Elogios & Auto Estima.

Tenho problema de auto estima, seguidamente me desvalorizo e me vejo inferior às outras pessoas ao estilo "último dos homens". Bem, isso acontecia mais no passado, mas ainda hoje acontece, esporadicamente.
Notei que quando sou elogiado pelo que eu sou ou pelo que eu faço, fico com minha auto estima prá cima. Os melhores momentos da minha vida foram quando existia alguém me elogiando e me valorizando pelo que eu sou de forma expontânea, me faz muito bem receber elogios, nem precisam ser diários, desde que sejam regulares. A falta deles me remete às trevas da estima, onde me sinto só, lutando contra eu mesmo com pouca ou nenhuma arma e, geralmente, perdendo a batalha.

De Menino a Homem.

A menina tem um ritual de passagem para se tornar mulher, é a primeira menstruação, mas e o menino? Tem algum ritual? Creio que não, porém, para mim, teve significado de passagem a minha primeira vez que fiz a barba, nem barba tinha, uma penugem no queixo e entre a boca e o nariz, no bigode. Era um sábado, como hoje, e eu me preparava para ir a uma festa ou, como se chama hoje, uma balada. A pele ficou esquisita depois de eu usar o barbeador, mais sensível em sem aquela textura áspera.
Estou escrevendo isso porque justamente, hoje, meu filho, de 14 anos, fez a sua primeira barba, como eu, com um barbeador, tirando uma penugem em forma de bigode, rapidamente revivi quando fiz a minha primeira barba, me coloquei na idade dele, meus medos, meus sonhos, minha trajetória como homem, me emocionei e me senti orgulhoso em poder passar a ele o que eu aprendi nesses anos de como fazer bem uma barba. É pouca coisa, mas é o suficiente para me emocionar e me levar a refletir sobre estas pequenas coisas da vida que nos emocionam, como ser pai, por exemplo.

sexta-feira, 23 de março de 2007

A Revelação.

Não é piada, me foi contada ontem como verdade:
A Avó de um coleguinha da minha filha, já meio caduquinha, recebeu, em casa, a visita de dois jovens pastores. Um deles, seguindo sua cartilha, perguntou à vózinha:
- A senhora conhece Jesus Cristo?
A vózinha, com calma e inocência, respondeu:
- Só por fotografia.

terça-feira, 6 de março de 2007

Diga: Xis!

Dizem que os olhos são as janelas da alma e eu não duvido, mas há um outro acesso à alma das pessoas: o sorriso.
Eu gosto de me dedicar a olhar o sorriso de uma pessoa que está perpetuado em uma foto e tento desvendar o que ele tem a me dizer. Há diversos sorrisos: aquele amarelo, que esconde um sentimento de frustração, inveja ou ciúme. Há o sorriso largo, solto, de quem está pronto para explodir de felicidade, também existe o sorriso tímido, que esconde mais do que mostra ou o sorriso irônico que debocha do outro e que nem sempre este percebe.
Para mim o sorriso é mais um instrumento para se ter acesso aos sentimentos da pessoa e que ela nem sempre expressa através de palavras ou gestos. Fotos são ricas pelos sorrisos que elas contém, que prendem a minha atenção hipnóticamente e me transportam para um mundo onde o sentimento manda e a razão obedece.
De todos os sorrisos, o que eu mais gosto é aquele que tem uma pitada de malícia, que subentende o desejo, seduz e explicita a alegria, que me tem e me subjuga, me fazendo submisso à ele. Sorriso poderoso, enigmático e instigante.
Quando você me vir pessoalmente, diga xis para que eu possa conhecê-lo melhor e para que eu possa responder da mesma maneira.

sábado, 3 de março de 2007

77,9 Kg

Esta semana me pesei, deu 77,9 Kg.
Estou emagrecendo há meses, sem dieta, só controlando os excessos, cortando as sobremesas e refrigerantes. Não que eu precisasse diminuir o peso, estava bem com os meus 87Kg, melhor agora com menos. Este era o meu peso há 21 anos, quando eu corria na rua e levava uma vida mais agitada. O corpo não é mais o mesmo de 21 anos atrás, possui marcas que o tempo registrou nele, mas até que estou bem conservado, em formol, dizem!
Estou satisfeito com este peso, me sinto mais à vontade, nas próximas semanas tenho uma festa de 15 anos e um casamento para ir, vou ver se entro nos velhos ternos que estão no armário com pouco uso, só preciso ver se eles tem um corte que dê para usar hoje, não quero parecer um senhor do séc. XIX nas festas, ou terei que providenciar um chapéu e uma bengala para compor a fantasia! Ahahaha.

sábado, 17 de fevereiro de 2007

Ansiedade, Tremor e Chatos.

Uma das minhas atividades no emprego atual é atender clientes, e me chama a atenção a quantidade de clientes que atendo que são ansiosos ou que estão com as mãos tremendo.
Os ansiosos geralmente são homens, com idade superior a 45 anos, apressados, impacientes, que jogam uma lista de pedidos em minha direção. Tenho que ter tato para lidar pois são pessoas que, na maioria das vezes, estão, além de ansiosas, com impaciência e intolerância. Eu imaginei que a ansiedade fosse uma característica do jovem, mas me surpreendi com a quantidade de homens acima dos 45 anos que demonstram ansiedade à minha frente, e não se trata de ficar ansioso porque estão diante de mim, é uma característica destas pessoas.
Quanto aos jovens, noto que alguns deles tem tremor nas mãos, não são drogados ou com síndrome de abstinência, são pessoas sóbrias que tem esta característica e que acabam me deixando um pouco perturbado porque tenho a impressão que vão deixar cair o que seguram nas mãos, são, na maioria homens, entre 25 e 35 anos.
Ainda bem que estes dois grupos são minoria, porque me desagrada atender pessoas assim, mas tem piores, os chatos, estes são insuportáveis, não são os chatos que tiveram um dia ou noite ruim, são os chatos profissionais que sempre que aparecem fazem questão de serem chatos, de incomodarem, de pedirem o impossível e não entenderem que o que pedem não existe ou está em falta, destes, a vontade é de não atender, pois desgastam demais. A tática que uso para não me incomodar com eles é não me deixar levar pela chatice, não embarco na onda do cara e nem aceito o convite para a dança que ele me propõe, dito o ritmo do atendimento de acordo com a minha necessidade e o chato que amargue sua chatice. Bem longe de mim, claro.

domingo, 11 de fevereiro de 2007

Carnaval.

"Vou beijar-te agora
Não me leve a mal
Hoje é carnaval".


Sou indiferente ao carnaval, quando adolescente era uma época ruim porque eu era tímido e me sentia pressionado pela data e pelo grupo de amigos a me aproximar das meninas, eu era ainda mais inibido do que sou, esta pressão me causava desconforto e até períodos de depressão. Com o passar do anos o significado do carnaval mudou um pouco, para mim, e deixou de ser um evento eminenetemente erótico para ser uma festa popular, um espetáculo, o que aliviou a pressão interna em mim, mas não apagou as lembranças de um período ruim da minha vida, sinto que desperdiçei parte dela em dilemas internos, uma pena, mas que serviram para construir a minha personalidade como é hoje.
Não assisto o carnaval pela TV, apenas dou umas olhadas nos resumos dos telejornais. Se for o caso vejo uma ou outra escola carioca desfilar, mas é raro.
E você? Como se relaciona com o carnaval? Tem alguma história legal para contar?

Só.

Quando eu nasci minha mãe tinha 44 anos de idade e meu pai 42. Eles não gostavam de sair de casa, passear ou visitar amigos, tinham poucos amigos e nenhum desses tinha filhos com a minha idade. Tenho a impressão que fui cuidado por avós e não por pais pela idade deles e pela forma que me educaram. Me acostumei a ser só, brincava sozinho quando criança, lia livros, escutava música em discos de vinil e assistia televisão, preto e branco naquela época. Sempre preferi poucos amigos e amizades próximas do que muitas amizades ou grupos. Por causa disso, preciso, eventualmente, estar só, buscar em mim o meu espírito e minha identidade. Quando a vida ou qualquer circunstância me obriga a não estar só por longo tempo me sinto mal, parece que sou levado pela vida e fico incomodado com isso.
Reservo o horário de dormir e as minhas caminhadas matinais para ficar só e colocar as idéias e sentimentos em ordem, pensar sobre a minha vida e projetar o que farei adiante. Sozinho. É como se fose um defrag na mente, organizando os arquivos mentais lado a lado.
Este blog, de certa forma, reproduz esta minha caracteristica de ser só, não fiz questão de divulgá-lo nos mecanismos de busca, apenas para pessoas conhecidas e, recentemente, em locais que freqüento na Internet. Há pouco movimento aqui, baseado nos comentários que é única forma que tenho de saber se é ou não acessado, pois não uso ferramenas que identificam quem aqui acessa. Apesar deste ar de solidão, gosto deste local, me sinto bem em escrever estas mal digitadas, é como se fosse um depósito de minhas idéias e fico feliz em ler os comentários, sinal de que é uma solidão aparente. Não gosto de estar só, sempre, não me faz bem.
Ficar sozinho, para mim, é fundamental para manter a minha estabilidade emocional e a saúde de minhas relações afetivas, mas não sou eremita, estar com pessoas é o principal motivo que me faz feliz hoje em dia e necessito delas para me sentir vivo.
Não sinta-se só, aqui, estou presente sempre, lendo comentários e pensando sobre o que escrever aqui.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

A Pracinha Vazia.

Silêncio...
A TV desligada.
Silêncio...
O computador desligado.
Silêncio...
O vídeogame desligado.
Silêncio...
A cama deles vazia, os brinquedos e bonecas guardados.
Meus filhos foram viajar, passarão uma semana fora e essa casa se parece com uma pracinha vazia. Está triste, sem vida, apática e estes sentimentos me contagiam.
Em mais de dez anos esta é a primeira vez que fico em casa sem eles. O mais difícil é de noite quando vejo a cama deles arrumada sem eles dormindo. Um dia será assim, irão namorar ou casarão e ficarei aqui sem eles, serve como um test drive e já estou sentindo agora a saudade que vai me bater no dia que eles saírem definitivamente de casa. Eu procuro prepará-los para serem independentes, terem suas casas, formar suas famílias, gerenciarem as suas vidas e a dos filhos deles, mas esqueci de me preparar para viver sem eles.
Falta tempo para que eles saiam de casa, mas é melhor eu ir me preparando, não custa nada, quero dizer, custa muito: imaginar a minha vida sem eles, a saudade e a solidão que se seguirá.

domingo, 21 de janeiro de 2007

O Lado Escuro Do Sol.(Parte III Do Destino)

É difícil falar sobre os nossos defeitos, primeiro tem que se admitir que os tem, e eu os tenho, com toda certeza, depois vem a etapa de identificá-los que é a mais difícil para mim.
Os meus defeitos não são facilmente visíveis, faço um esforço para que eles não apareçam no dia a dia, mas, vez por outra, aparecem, de surpresa, inconvenientes, subterrâneos e sabotadores.
O meu pior defeito é não saber lidar com a raiva, ela cresce dentro de mim e quando não a suporto mais deixo-a sair com força, cruel, devastadora, injusta e desproporcional. E não é de hoje que tenho esse defeito e não é de hoje que tento mudar meu comportamento para que ele não prejudique mais as pessoas que eu gosto e que estão à minha volta. É uma característica muito infiltrada em mim, não consegui até hoje ser diferente, mas um dia conseguirei, como já consegui mudar minhas atitudes em várias outras áreas.
Queria ser mais maduro, não deixar a raiva crescer e fazer mal a mim e a quem ela é dirigida, quem sabe dosar melhor? Conversar civilizadamente antes da raiva assumir proporções incontroláveis? São tentativas que farei desde já. Por causa desse meu jeito de ser tive problemas no final do ano passado, magoei pessoas que eu gostava, perdi amizades, descobri pseudo amizades, conheci pessoas e fui ajudado por quem eu nunca imaginei que poderia me ajudar. Apesar de alguns ganhos, o saldo foi negativo e por isso quero desde já não mais agir de forma infantil no trato da raiva. Me envergonho de ser assim.
Outro defeito meu é de ser manipulador para conseguir o que eu quero, também não sou assim sempre no meu cotidiano, só às vezes. Não sou mau o suficiente para machucar as pessoas deliberadamente, mas, por vezes, uso métodos não éticos para obter o que eu quero e isso me incomoda, queira eu ou não acabo prejudicando as pessoas com essa forma de proceder.
Tenho dificuldade em cultivar amizades, já não consigo fazer amizades facilmente e as que tenho cuido com pouca responsabilidade, queria dizer a todos os meus amigos o quanto gosto deles, mas nem sempre consigo, e o cúmulo da incoerência: acabo cobrando deles que se portem assim em relação a mim!
Não me valorizo tanto quanto deveria, costumo me ver menos do que sou, não sei se isso é um defeito, mas sei que isso me atrapalha.
Tenho pouca iniciativa, queria ter mais, ser mais dinâmico, não sou parado, apenas queria me mexer mais, ter mais vivacidade.
Uma leve dificuldade para olhar nos olhos, medo de encarar o outro, uma dificuldade que eu consigo controlar bem, quando me dou conta que fujo do olhar eu procuro mirar nos olhos do outro e consigo.
Um outro defeito talvez seja o de não poder reconhecer mais defeitos em mim. Um último defeito, por enquanto: me apaixono facilmente.
Esse post não é definitivo, à medida que vou identificando mais defeitos vou escrevendo novos posts dando seqüência a este.

sábado, 20 de janeiro de 2007

Um Software Para Velórios.

Ontem foi um dia triste, daqueles que eu passei com um choro preso na garganta, foi-se um tio que eu gostava muito, que contava histórias, era alegre, vivia de bom humor, daquelas pessoas que sempre que lembro me faz sentir bem. Agora lembrarei com saudade, nos deixou e eu passei o dia de ontem revivendo os bons momentos que tive com ele, suas histórias alegres e seu espírito prá cima.
No velório pude rever parentes e amigos que há muitos anos não via, alguns há mais de vinte anos. Para uns o tempo parece não passar, para outros passa rápido demais, e tive dificuldade para me lembrar de todos, embora os conhecesse. Preciso de um software de reconhecimento facial embutido em mim daqui para a frente.
Tenho muitos tios e todos idosos, essa é a realidade: lidar com a morte deles e o sentimento de vazio que deixarão.

domingo, 14 de janeiro de 2007

Navegar Impreciso.

Se era para amar, por que não amou?
Se era para ser amigo porque acabou?
Se era para ser porque não foi?
O que será que houve?
O que não houve?
Você me ouve?
A forma não importa
O conteúdo exporta
O desejo que oprime
O gozo que liberta.
Solitário na ilha
Mando uma mensagem
Cujas palavras
Nunca encontram os gestos.
O tempo avisa
A hora acaba
Sigo navegando
Precisando...

sábado, 13 de janeiro de 2007

Mas, Afinal, Quem Sou Eu?

Como toda pessoa eu falo de mim, penso sobre mim e até escrevo sobre mim.
Noto que nos últimos tempos há uma divergência da imagem que faço de mim mesmo e das minhas reações aos estímulos do mundo e da vida, parece que eu não me conheço tão bem quanto eu imaginava, reajo de forma diferente da que eu reagia no passado às situações corriqueiras e isso tem me intrigado, não esperava reações diferentes das que eu previa por achar me conhecer bem.
Eu era uma pessoa mais introspectiva do que sou hoje e, por causa disso, me via de forma mais real do que me vejo hoje porque dedico menos tempo para lançar um olhar sobre eu mesmo. O tempo tem passado, a história tem mudado e eu não tenho acompanhado o meu ritmo. Me desenvolvo, mudo de pensamento e de opinião mais veloz que consigo acompanhar, parece uma coisa louca, mas o cachorro está a cada dia com a boca mais afastada do rabo na tentativa de mordê-lo e isso me angustia porque eu sempre fui muito controlador de mim mesmo e me ver agir de um jeito e pensar sobre mim de outro me dá um nó interno.
Eu preciso fazer um update na forma de me ver, dedicar um pouco mais de tempo para refletir sobre eu mesmo para que não ande em descompasso e recuperar um pouco do auto controle, mesmo que isso acarrete em um desgaste interno. Mas me pergunto: vale a pena ser tão auto controlador? Não seria melhor deixar o barco navegar mais solto?
Preciso fechar um pouco as cortinas do mundo externo e abrir a janela para o meu mundo interno, há paisagens nele que ainda não visitei por falta de tempo...

Desapego.

Eu era uma pessoa muito apegada aos outros e aos objetos. Quando eu me relacionava com eles ia logo me afeiçoando e me ligando de uma forma mais forte que o normal, provavelmente para conseguir a atenção e o carinho dessas pessoas para mascarar a minha insegurança que provinha da minha baixa auto estima. Sem termos técnicos, eu precisava me alimentar da relação afetiva com os outros para me sentir gente, querido e amado. O tempo passou e eu fui me desenvolvendo, tardiamente, confesso. Hoje em dia já não tenho mais tanto apego às pessoas e aos objetos que me fazem mal ou cuja relação não é saudável, como eu tinha no passado. Tenho me desapegado deles e notei que sobrevivo a isso, não sofri como eu previa que sofresse e as outras pessoas não passaram a me odiar por causa do meu desapego a elas como eu pensava que ocorreria. Consigo me distanciar das pessoas e dos objetos com mais facilidade, menos boicotes internos, mas, ainda assim, sou um ser humano como qualquer outro e sinto saudade daqueles ou daquilo que um dia me foi importante e os conservarei para sempre em um lugar sagrado dentro do meu coração.

sábado, 6 de janeiro de 2007

6 De Janeiro de Qualquer Ano.

Hoje é um dia de dupla comemoração.
Um grande amigo está de aniversário, daquelas amizades que atravessam o tempo e os continentes, liguei para ele hoje pela manhã para parabenizá-lo, estava longe, em um estado vizinho em viagem a passeio.
Grande abraço, Macaco.
O outro motivo de comemoração pertence ao terreno escorregadio e volátil da paixão, aquela que surge do nada, que transforma, que enlouquece, que muda a gente e que faz o tempo ser relativo e a nossa vida singela.
Parabéns a nós.