domingo, 26 de outubro de 2008

AC/DC.

A vida tem pontos de referência, o antes e o depois de alguma coisa: antes/depois de começarmos a caminhar, antes/depois de entrar para a escola, antes/depois do primeiro beijo, antes/depois da formatura, antes/depois do primeiro emprego, antes/depois de tirar a carteira, antes/depois de casar. Casar? Sim, esse talvez seja o antes/depois mais marcante, pelo menos para mim e para muita gente foi. Não falo de cerimônia religiosa ou da festa, falo da vida a dois que exige de ambos acomodação a ela, mais ainda com a chegada dos filhos onde nos é exigido jogo de cintura ao máximo para lidar com crises e conflitos freqüentes e uma paciência oriental.
O casamento marca a personalidade da gente para sempre e nos faz adultos na marra, mesmo naqueles que insistem em serem infantis. Ou casa e amadurece ou a fruta aprodece e cai ainda "verde", não tem meio termo, nem transgênico de resolva. Dá para ser ex-casado e viver solteiro de novo, mas a pessoa jamais será a mesma que foi quando não vivia com ninguém.

Coerência.

Coerência é uma qualidade. Bom que os outros sejam, e nós? Um exemplo: quando tinha meus 30 e poucos anos deixei de ter simpatia pelo socialismo, dei uma guinada à direita, passei a acreditar na economia de mercado e na filosofia que a embasa. Não sei porque mudei, talvez a idade, o contato com bons argumentos, só sei que mudei e basta. Para quem me via de fora não deve ter entendido nada, podem ter se sentido traídos ou inseguros com a minha mudança.
Usei este exemplo para demonstrar como nem sempre sou coerente, embora seja coerente em vários outros aspectos em que tenho convicção, são aqueles princípios que me norteiam. Daria até para escrever uma Constituição minha com artigos que regem minhas atitudes e servem de base para meu pensamento.
Quais seriam os pontos onde devemos ser coerentes e quais não?
Ser humano já é uma experiência por si só incoerente, emocional, confusa, mesmo assim há determinados conceitos em que devemos manter a coerência durante a vida toda, são aqueles que servem de pilar para a construção da nossa personalidade, que nos mantém saudáveis e aos que estão em volta de nós e os que nos possibilitam crescer, desenvolver, sem prejudicar os demais e o planeta.
Difícil definir quais são, mas cada um de nós sabe quais conceitos devem ser mantidos ao longo da vida, quais podem ser mudados pela vida ou por nós mesmos e quais aqueles que estão aí por não termos outros melhores para por no lugar.

Fila.

Moro em um bairro cuja população é predominantemente composta de idosos. Minha seção eleitoral fica no bairro e tinha perto de quatrocentos eleitores, o número limite de eleitores para uma seção na minha cidade e a maioria idosos.
Servi de mesário na eleição de 1992, a do Collor X Lula, naquela eleição, primeiro e segundo turnos, havia fila para votar à qualquer hora do dia, só diminuía um pouco lá pelas 13h e desaparecia perto do encerramento.
No primeiro turno da eleição deste ano fui votar às 13h esperando encontrar pouca fila. Não havia nenhuma, conversando com uma mesária ela me disse que quase não houve fila a manhã toda, quando muito dois ou três eleitores esperavam. Nas eleições anteriores eu também havia notado este fenômeno. Deduzo que muitos eleitores da minha seção já se foram e não foram substituídos por mais jovens, ou foram e os jovens, mais rápidos, não necessitaram formar fila, talvez a urna eletrônica tenha dado mais fluidez à votação e ajudou a eliminar a fila.
Ficou melhor, não preciso mais me preocupar em ir em determinado horário, mesmo assim vou votar depois do almoço, costume.

domingo, 5 de outubro de 2008

Contraste.

Num dia desta semana que passou atendi no meu trabalho, no balcão, a um homem exatamente daquele tipo insuportável: grosso, estúpido e mal educado, que agiu assim porque se declarou contrariado com a forma corriqueira, e educada, que atendo às pessoas e por culpar a mim por ter levado um material errado. Tenho muita dificuldade em tratar com tipinhos assim e acabei tendo um diálogo onde fui irônico, minha forma de retrucar a estupidez e a falta de educação, fiquei com o espírito abatido, pela agressão injusta e pela culpa de ter revidado, foram uma ou duas horas desagradáveis comigo mesmo.
Lá pelo meio da manhã atendi a uma senhora de seus setenta e poucos anos, atendi com a mesma postura que atendo a todos, no final do atendimento ela se dirigiu ao meu patrão e fez um elogio à forma que eu a atendi. Pronto, salvou meu dia e reforçou que estou atendendo bem as pessoas, só não atendo bem a quem está de mal com a vida, esses levam a minha ironia para temperar um pouco a sua já amarga vida.

Setembro.

O Mês de Setembro foi um mês tranqüilo. (um dos últimos tremas que escreverei?) Tão relaxante que me deu um apagão intelectual e não publiquei nada aqui e, para escrever, eu preciso do incômodo, seja ele qual for: físico, emocional, afetivo, não importa, a tranqüilidade me desestimula, distrai, é uma inércia de repouso que me faz ficar parado.
Vou retomar as publicações agora em Outubro, nem que eu tenha que me sacudir por dentro, também em respeito a ti que vem aqui e várias vezes dá com o nariz no post antigo.