domingo, 27 de setembro de 2009

Ensaio Sobre a Visão.

Nesta semana atendi a um pai, cego, de uns quarenta anos de idade e ao seu filho, estudante, de uns 15 que tinha a visão normal. Foram até o meu trabalho comprar peças para montar uma maquete da escola do filho.
Durante o atendimento, o pai comentou com o filho sobre a maquete:
- Quando eu enxergava, eu lembro que o prédio era assim...
Fazendo um gesto do formato do prédio.
Este "quando eu enxergava" foi dito em um tom mais baixo, constrangido e triste. Me emocionei, coloquei no lugar do pai, que estava comprando todas as peças e decidindo com mais desenvoltura que o filho sobre como fazer a maquete. Ele estava planejando, se esforçando, pagando, e não iria ver o resultado final, só tocaria. Como pai me partiu o coração.
Uma pequena lição para que eu valorize cada instante de saúde, de alegria, de felicidade, de audição e de visão, seja minha, seja sua, seja de quem eu amo.

2 comentários:

Palavras ao Vento disse...

às vezes eu fico é constrangida perante tamanha alegria e força de vida das pessoas deficientes, que passam por cima da deficiencia e levam a vida com toda garra e força do mundo e eu, algumas vezes, vou levando arrastado...

Um cheiro, Mauro!

Dois Bits de Prosa disse...

É o mesmo caso meu.
Obrigado pela visita e volta sempre que der.
Beijos.