domingo, 11 de julho de 2010

Ansiedade. (Parte IV da Necropsia).

Eu não sou daqueles ansiosos que, de tanta ansiedade, deixam os outros ansiosos. A ansiedade me atrapalhou mais na juventude, ela me impredia de ouvir música nas fitas cassete, ouvia uma música e, logo, tinha que pular para a outra. Não conseguia ver um filme inteiro na TV, depois de uns minutos eu mudava de canal e terminava frustrado por não poder ver o final da história. Se tivesse que sair de casa para um evento a sua preparação me tomava um bom tempo, seja de logística, seja de preocupação.
Na relação com as pessoas a ansiedade atrapalhava impedindo de vê-las e ao mundo como eles são, eu tinha uma visão apressada e resumida, visão equivocada daquilo que me cercava.
A ansiedade diminuiu com os anos, hoje, consigo ouvir um CD inteiro sem que precise pular de faixa, vejo filmes na TV e, mesmo que sejam ruins, resisto até o final dele. Posso ver o mundo com mais precisão, sem a interferência da ansiedade. Ainda sou ansioso e nunca deixarei de ser, pelo menos não sou mais um escravo cego da ansiedade, eu a vejo, identifico, e luto conscientemente para não deixá-la me dominar. O que me desagrada é que essa constante auto vigilância, consome tempo e energia, para um ansioso isso é bem melhor que deixar a vida com as rédeas assustadoramente soltas.

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