Texto publicado em 10 de Novembro de 2007.
Desde adolescente  ela tocava harpa, era quase uma extensão do seu corpo, um membro seu  que interagia com o ar, dando vazão aos seus sentimentos.
Sempre que ela  estivesse muito alegre ou triste ela tocava harpa, o instrumento  transferia para o ar seus sentimentos em forma de notas musicais  perfeitamente entrosadas com seu coração, fluindo sincronizadas com as  batidas dele. Harmonia perfeita.
Hoje ela pegou a harpa de um jeito  diferente, sentou à mesma cadeira de sempre, porém sem roupa, trouxe o  instrumento contra seu peito nu, começou a tocar uma melodia linda, seus  dedos dedilhavam o instrumento como se o acariciasse em uma relação  erótica, os sons eram ritmados, sensuais, arrastados. Sua mente voou  para longe, onde a fantasia se tornava música e a música, um ato de  amor. O vento que entrava pela janela fazia seus longos cabelos  esvoaçarem e transportavam a melodia para o infinito, aquele ponto para  onde tudo converge e nada se toca, onde o tempo deixa de existir e o  desejo vira a única possibilidade de existência.
A música abruptamente  lhe escapou contra a sua vontade, assim como o tempo e o desejo,  restando-lhe apenas a imagem viva na sua mente do que um dia poderia ter  acontecido.
 
 
2 comentários:
Uma harpa, ganhei de meu amado pai quando tinha 6 anos de idade. Minha infância , minha harpa, sons delicados e eu viajando num mundo todo meu!
Harpa é um instrumento único, complexo e belo. Obrigado pela visita.
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