sábado, 15 de janeiro de 2011

O Vendedor de Coisinhas.

Homem anacrônico, do século passado, uns sessenta anos de idade, profissão: vendedor de coisinhas.
Partia todos os dias da sua casa em direção a um bairro distante, mala grande e cheia de bugigangas, de utensílios domésticos a primeiros socorros, barbantes, percevejos, brinquedinhos de criança.
Onde percebia uma aglomeração de gente ou casas habitadas, parava, tocava seu apito, abria a mala grande e espalhava as quinquilharias ao redor.
Um dia uma menina com rosto de menininha se aproximou da mala aberta e perguntou quanto custava uma caixinha pequena que cabia na palma de sua pequena mão, o vendedor disse:
-Esta não tem preço, você a quer?
-Sim, respondeu a menina.
-Toma, é sua, disse o vendedor.
-Quanto custa? Perguntou a menina.
-Nada, essa caixinha eu não vendo, disse o vendedor.
-Porque? Perguntou intrigada a menina.
Então o vendedor abriu um sorriso e disse:
Essa caixinha eu não vendo, eu dou, porque dentro dela está meu coração.

2 comentários:

Lara disse...

Tua postagem me lembrou um tempo de criança, muito pobre. Tinha um homem que de tempos em tempos batia na porta de casa com uma malinha assim, cheia de traquitanas. Eu torcia para que minha mãe comprasse algo. O quê? Nem sei, brinquedo não era. Acho que me encantava mais a malinha cheia de coisas que eu não podia ter. Ou o encanto de um tempo em que não existiam tantas lojas cheias de coisas de que nem precisamos. Mas não tinha nenhuma caixinha com coração dentro. Disso tenho certeza :o)
beijos

Dois Bits de Prosa disse...

Quando criança a gente se encanta com uma mala, caixa, qualquer coisa que contenha bugigangas que não valem um tostão, mas que são interessantes, coloridas, instigantes.
Obrigado pela visita.
Beijos.