domingo, 23 de maio de 2010

Lágrimas de Gozo.

Escrever é simples, lápis e papel. Escrever sobre sentimento requer sofisticação. Sobre um sentimento intangível é um desatino. Desate o nó, comigo.
Desde bem pequeno que a mulher e suas circunstâncias me mobiliza, transporta para outro mundo, paraliza. Faz de mim súdito de uma Rainha imaginária, ambos presos em um castelo fantástico.
Ele surge sorrateiro e insidioso provocado por uma bela mulher, por um gesto seu, por suas palavras, pela sua roupa, pela falta dela.
A primeira professora, o primeiro olhar, o primeiro nu, o primeiro beijo, o primeiro gozo. Pode nascer deles, pode ser com qualquer uma, qualquer hora, sem hora. Pode ser com a última.
Há um poder na mulher que me fascina, fragiliza e faz surgir este sentimento difícil de definir e medir. Não é possível prever e nem evitar o seu surgimento. Não consigo descrever o que é, de onde vem.
É claro, brando, intrometido. Invade meu pensamento e me faz refém.
Situa-se na fronteira indeterminada e volátil do que é sexual e do que é afetivo, une os úmidos gozo e choro, os indecifráveis pulsão e emoção, território tão no meu íntimo que nem mesmo eu tenho acesso. Domínio privativo da Alma e seu próprio código. Sentimento que provoca um profundo e gratificante prazer. Nirvana etéreo que eu tento tocar. Quanto mais tento, mais me escapa às mãos.
Surge como um maremoto e se vai como um nevoeiro que, ao se deslocar tocado pela leve brisa, dissipa lentamente deixando a folha molhada de saudade.
E eu à mercê do tempo, do sentimento e delas.

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