sábado, 6 de junho de 2009

Envelhecendo Junto Com O Espelho.

Durante esta semana um colega de trabalho na casa dos trinta anos de idade me fez um comentário:
- Porque todas as mulheres são bonitas, agora?
O "agora" no final da frase não foi em referência a idade atual dele e, sim, ao mundo de hoje. Fiz que não entendi essa nuance do comentário dele e passei a falar com ele sobre a mudança que ocorreu em mim na forma com que eu via a beleza da mulher desde a adolescência até hoje.
Na adolescência o que eu queria era o que todo adolescente homem quer: a mais bela, a mais gostosa, a mais cheirosa, a que se vestia melhor e com roupas mais provocantes. Era o DNA tentando se reproduzir com o material melhor e mais saudável, o que em tese faria com que a raça se mantivesse, melhorasse e se aperfeiçoasse.
O tempo agiu em mim, hoje com quarenta e três anos de idade não fixo meus olhos nas mais belas. Os rostos e corpos femininos não se diferenciam tanto entre as bonitas e as feias de modo radical como antes, hoje há as belas que são padronizadas nas capas de revistas e as belas que estão aí, nas calçadas, nos supermercados, no ambiente de trabalho, cuja beleza me fascina, mas que não é a beleza estereotipada da juventude, da loirice, do corpo perfeito delineado na academia ou na sala de cirurgia.
As mulheres se tornaram belas para mim sem que precisassem mudar nada em si, eu é que mudei, elas só amadureceram. Hoje me chama mais a atenção a mulher de meia idade com a sua natural tranquilidade, consciência de si, do mundo e maior experiência de vida. O corpo não é o da capa de revista, mas e daí? O que um corpo e apenas ele me dá agora? Com certeza dá menos do que eu queria quando adolescente, mas mais do que um jovem precisa, ele dá a certeza de que cada imperfeição impressa nele pelo tempo garante que a brincadeira é mais séria e definitiva do que a brincadeira de adolescente e os mapas que as rugas formam são mapas do tesouro para quem souber lê-las e interpretá-las.
Mulheres não são como vinho, vinho um dia acaba, elas não, elas são eternas.

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu tinha um problema, não este, de olhar apenas para os mais belos. Acho que sempre enxerguei a beleza que está além da estética ao observar o sexo oposto. O meu problema era olhar apenas os mais jovens, porém não "tolos" ou "infantis" - sempre escolhi o jovem de ideias arrebatadoras. DNA? Não! Acho que eu apenas tinha pensamentos bem menos maduros. De certa forma, me comporto com você hoje: vejo beleza na maturidade, mas ainda busco aqueles que trazem ideias arrebatadoras!