domingo, 12 de março de 2006

Banana & Sentimentos Com Canela.

Na encosta da Serra do Mar, à beira da rodovia BR-101, há plantações de bananas. Elas são colhidas todos os dias e colocadas em um caminhão para que cheguem, ainda verdes, ao CEASA, local que abastece os principais mercados e fruteiras da região. Quando compramos e levamos as bananas para casa, elas já estão maduras, no ponto para serem consumidas.
Os meus sentimentos, por vezes, se parecem com as bananas que citei acima. São até meio tortos como elas. Tenho contato com eles, manipulo-os, falo deles comigo mesmo, mas só consigo consumí-los quando estão maduros na minha cabeça ou no meu coração. Daí para diante eu posso tratá-los de uma forma adulta e racional, conversar sobre eles com as outras pessoas, admitir que estão certos ou errados e tentar modificá-los, se for o caso. Se ainda estão verdes há sensação de insegurança e confusão que me impede de enxergá-los corretamente, não os entendo, não consigo conversar sobre eles com as outras pessoas, a conversa não flui e eles permanecem em um vácuo atemporal dentro de mim.
Os sentimentos, em mim, amadurecem com o tempo, podem amadurecer sozinhos, com a ajuda da vida, de pessoas, amigas ou não, que agem como catalizadores, acelerando a reação de amadurecimento nesta alquimia bioquímica com tempero emocional que inunda minha cabeça com o seu cheiro apetitoso, às vezes, repugnante por outras, como um turbilhão. Mas nem sempre eles amadurecem, por vezes algo que não sei explicar ocorre impedindo que a alquimia aconteça, os sentimentos ficam como um alimento indigesto no estômago e quando tomo contato com eles, no presente ou no futuro, vem uma sensação incômoda de náusea. Nesta hora, ou tento resolver o sentimento ou varro-o para debaixo do tapete esperando que o futuro traga o amadurecimento ou a solução para ele. Se a solução não vêm ele fica em uma gaveta, aquele tipo de gaveta que todos temos em casa, bagunçada, e que sempre arranjamos um bom motivo para não abrir e adiar a sua limpeza.

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