sábado, 2 de fevereiro de 2008

Esqueceram de Mim.

Não lembro quando foi a última vez que fiquei tanto tempo sozinho em casa. Ficarei o feriado todo de Carnaval e mais a quarta feira de cinzas sozinho, com a casa toda para mim. Sem horário para as refeições, ouvindo as músicas que gosto, sem ter que respeitar os ouvidos alheios, vendo o que quero na TV, dormindo quanto tempo quiser e onde quiser na casa e com uma cama de casal só para mim.
Estou mais feliz que guri com corneta nova!

domingo, 27 de janeiro de 2008

Reviver.

Há quatro anos não nos víamos. A conversa fluiu como nos bons tempos, atropelada, nervosa, variando de um assunto ao outro na mesma velocidade da ansiedade de colocá-los em dia.
O tempo que passou não foi suficiente para nos mudar, mas foi para nos amadurecer, fazer-nos ver melhor onde estamos no mundo e as implicâncias disso. O tempo agiu como a oxidação em um metal que, ao mesmo tempo que corrói, expõe o seu interior e o amacia, tornando-o mais flexível. Sem as exigências anteriores diminuiu a necessidade de não errar fazendo aparecer o verdadeiro eu, ou melhor, o verdadeiro nós, com isso a risada surgiu expontânea, ao contrário de antes, quando ficava soterrada pela cobrança e pelo conflito.
Foi bom relembrar o doce odor das flores de cactus e entender que rever, conversar e sentir é reviver.

domingo, 6 de janeiro de 2008

Respeito.

Temos problemas em nosso país, problemas sociais, econômicos e políticos. A nossa sociedade também tem os seus problemas. As causas são diversas e difíceis de serem identificadas, porém uma delas me chama a atenção a algum tempo: a falta de respeito. É uma sensação difusa que tenho de que as pessoas não respeitam umas às outras e as intituições não respeitam o cidadão de uma forma geral.
É a fila do banco, a faixa de segurança que falta no local de fluxo de pedestres, é a polícia que faz que não vê o crime que todos vêem, a má aplicação do dinheiro público, o motorista que quer ultrapassar o outro de qualquer jeito, os que furam filas, que fraudam os programas sociais e por aí vai.
Nem sempre o desrespeito é explícito, na maioria das vezes ele está disfarçado de falta de recursos, má gestão, se desrespeita porque se é desrespeitado como se um erro justificasse outro e etc. No fundo é falta de educação, desvalorização do outro, uma cultura que temos que nos é nociva e impede de desenvolver, claro que não é só isso que impede o desenvolvimento do país, nem é o motivo principal, mas atrapalha.
País desenvolvido respeita seu cidadão e os cidadãos se respeitam entre si.

sábado, 5 de janeiro de 2008

Não.

Doeu.
Meus filhos são legais, raramente exigem dos pais uma decisão difícil, são compreensivos, mas semana que passou minha filha quis sair com companhias não recomendáveis. Argumentei, ela bateu pé, argumentei, ela fez beicinho, argumentei, ela fez que não entendeu, argumentei e disse-lhe, não. Ela chorou, doeu meu coração, mas mantive a decisão, havia risco no passeio porque as companhias não eram confiáveis. Felizmente o passeio foi cancelado.
Ser pai inclui essas situações duras. Ainda bem que raras. No futuro talvez seja ela quem me diga não, quando eu quiser caducamente ser um jovem de quinze anos no corpo de um senhor de oitenta. Vai doer. Em nós.

segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

A Música e Eu.

Gosto de música, ouço diariamente e, agora, tenho me perguntado o porque dessa relação diária e intensa com ela.
Quando pequeno toquei na Banda Marcial do meu colégio, entrei como mascote com nove anos de idade, depois passei a tocar taról, um tipo de tambor. Participei da Banda Marcial durante toda a minha vida escolar.
Desde criança ouço música no rádio, tinha uns seis anos de idade quando comecei a ouvir, no princípio eram estações em AM com som limitado e abafado, depois vieram as estações de FM com um som melhor, mais límpido. Agora a música está no computador e no tocador de mp3.
Hoje me comparo aos demais da minha idade e vejo que poucos amigos e conhecidos se dedicam a ouvir música de forma regular como eu.
Quando ouço música imediatamente faço uma conexão íntima com meus sentimentos, dependendo da música os meus sentimentos permutam entre extremos. A música age como um chave que abre meus sentimentos e permite que eu tome contato com eles.
Meu gosto musical é bem variado: MPB, pop e rock nacional e internacional, música eletrônica e algumas belas canções orquestradas, a maioria velharias do meu tempo de adolescente e jovem.
Recentemente tenho sentido vontade de trabalhar com música, não sei de que forma e nem com quem, é mais uma sensação vaga do que um desejo construído. Vou ver no que isso vai dar.
Uma bela canção que reflete o que sinto e minha relação com a música é "Music Was My First Love" de John Miles, cuja letra está abaixo.


"Music was my first love
and it will be my last.
Music of the future
and music of the past.
To live without my music
would be impossible to do.
In this world of troubles,
my music pulls me through.

Music was my first love
and it will be last.
Music of the future
and music of the past
and music of the past
and music of the past.

Music was my first love
and it will be my last.
Music of the future
and music of the past.
To live without my music
would be impossible to do.
In this world of troubles,
my music pulls me through".

Não Entendi.

Eu falo, falo, e a pessoa entende só uma parte do que falei. Já aconteceu isso com você? Pois comigo acontece com freqüência.
Por mais que eu me esforce em explicar detalhadamente uma idéia dando ênfase ao mais importante, a pessoa não entende. Destaco o que há de mais importante na idéia com um tom de voz diferente, mas em vão, ela só ouve e entende aquilo que ela quer ouvir ou entender, parece ter ouvidos seletivos. E torno a repetir a idéia de outra forma, com outra entonação, usando uma linguagem mais acessível, mais próxima do popular, quase chula, e ela ainda me olha com olhos incrédulos e duvidosos. Eu canso, deixo o não entendido pelo não entendido e desisto.
Dá trabalho ser entendido, e mais ainda para quem, como eu, exige de si mesmo ser entendido claramente do início ao fim.
Se você leu até aqui é porque entendeu. Obrigado pela visita, nos entendamos sempre.

O Mesmo Ano.

Acabou esse ano, logo mais começa outro, sem pedir licença, sem perguntar se gostamos ou não do que se vai e se queremos trocar pelo novo.
Eu sou indiferente às mudanças de ano, não é o calendário que vai fazer a minha vida mudar. Acredito que eu e a minha postura diante da vida é que podem ter influência direta na minha vida e no rumo que ela irá. Não tomo decisões na mudança de ano que não sejam decisões já amadurecidas em mim e respaldadas pela minha convicção.
O ano de 2007 foi um ano razoável, bem melhor que 2006, este, um ano para eu esquecer. Em 2007 pude retomar a serenidade da minha vida e estabelecer uma base financeira para que eu e minha família nos mantivéssemos. Conheci algumas pessoas, aprofundei a relação com outras e nesse ponto de vista 2007 foi bom, também. O trabalho me exigiu bastante e fez com que o ano passasse aparentemente muito mais rápido que os anteriores. Cheguei ao final do ano mais cansado e sem férias, estou aproveitando os feriados de final de ano para descansar, depois, só no Carnaval.
Não vejo 2008 diferente de 2007 até o momento, pretendo tocar a minha vida com tranquilidade, me equilibrando entre as dificuldades que surgirão, pois são inevitáveis. Com saúde, amor e uns trocados no bolso vai dar para encarar esse 2008.

domingo, 16 de dezembro de 2007

Penso, Logo Canso.

Estou querendo dar férias para a minha cabeça, estou cansado de pensar, é o dia todo e até dormindo. Chega.
Quero assistir a um filme, ouvir uma música, ir para o meio do mato, não pensar em nada e evitar os pensamentos redundantes dos quais estou cansado. É muita elocubração, achismo, dedução, "será que" e outros pensamentos estereotipados que já me cansaram. Não chego a lugar nenhum com eles, é um lixo mental que fica ocupando espaço e tempo na cabeça. Não quero pensar "até quando o carnaval chegar".
Vou pedir isso ao Bom Velhinho, quem sabe ganho? Tenho me comportado bem este ano.

sábado, 15 de dezembro de 2007

Acredito Em Papai Noel.

Eu acredito, não no Bom Velhinho, nas renas, no saco cheio de presentes, mas acredito no que o Papai Noel simboliza: a esperança, possibilidade de um dia melhor, a fantasia, o sonho, a chance de uma vida melhor e um mundo menos injusto.
Não sou religioso e separo o significado do Natal que escrevi acima do valor católico que ele possui.
Não acredito em vida sem o sonho, a fantasia e a esperança. É tempo de sonhar, de acreditar que podemos ter um futuro ainda melhor do que temos. Tempo de transmitir aos pequenos que a fantasia é boa, mas não viver nela, deixar em um cantinho da nossa alma um lembrete de que a vida não é só a dureza do dia-a-dia, a morte, a fome, as dívidas e a maldade.
Sigo acreditando em Papai Noel.

domingo, 9 de dezembro de 2007

Selada Com Um Beijo.

Hoje uma forma rápida e fácil de se comunicar é via e-mail. No passado era mais comum a carta.
O e-mail viaja para qualquer lugar do mundo onde a outra pessoa estiver, chega quase instantaneamente e tem seu custo irrisório. Mas há uma diferença substancial e eu me dava conta da diferença enquanto ouvia a antiga canção "Sealed With a Kiss" interpretada por Bobby Vinton.
Eu tentei substituir na letra da música a palavra "letter" por "e-mail", só que não funcionou, o e-mail não pode ser selado com um beijo, não pode ter um anexo que exale o perfume que pode ser adicionado ao papel da carta, não se vê a letra da outra pessoa e o significado único que ela tem. E-mails são modernos, rápidos e práticos, mas, diferente das cartas, são frios por mais afetuosas que sejam as palavras nele contidas e não dá para segurar um e-mail nas mãos, mesmo que impresso, ver a marca dos lábios de quem a gente ama e sentir o seu cheiro.
Pelo menos por enquanto.


Bobby Vinton - Sealed With A Kiss

Though we gotta say goodbye for the summer
Baby, I promise you this
I'll send you all my love
Every day in a letter
Sealed with a kiss

Yes, it's gonna be a cold lonely summer
But I'll fill the emptiness
I'll send you all my dreams
Every day in a letter
Sealed with a kiss

I'll see you in the sunlight
I'll hear your voice everywhere
I'll run to tenderly hold you
But baby, you won't be there

I don't wanna say goodbye for the summer
Knowing the love we'll miss
So let us make a pledge
To meet in September And seal it with a kiss

Yes, it's gonna be a cold lonely summer
But I'll fill the emptiness
I'll send you all my love
Every day in a letter
Sealed with a kiss
Sealed with a kiss
Sealed with a kiss.

sábado, 1 de dezembro de 2007

Francamente: Um Defeito.

Por vezes encontro pessoas que dizem que uma de suas qualidades é a franqueza. Essa afirmação na maioria das vezes não corresponde à verdade. Não que as pessoas estejam mentindo, elas são francas, sim, francas demais ou francas da maneira errada.
Quando penso em franqueza, penso em pessoa que emite a sua opinião de forma clara, seja a favor ou contra alguém ou alguma coisa, porém não é uma questão simples assim ser franco. Se alguém emite a sua opinião de uma forma grosseira, apressada, parcial, para a pessoa errada, no momento errado ou em num tom de voz alterado a franqueza deixa rapidamente de ser uma qualidade para se tornar um sutil e sensível defeito, uma agressão ligada à falta de educação.
Franqueza não pode ser confundida com grosseria, para ser franco alguém tem que ter sensibilidade para que use essa sua característica como uma qualidade. É um terreno crítico, quando não colocamos as palavras com brandura agredimos o outro mesmo que estejamos pensando em ajudar nós atrapalhamos, constrangimos e fazemos mal a quem gostamos.
Desculpa a franqueza.

sábado, 24 de novembro de 2007

O Vazio.

No meio da semana que passou fui tomado por um um sentimento de vazio. Difícil de definir e de identificar a sua origem, mas fácil de sentir pois tomou conta da minha alma transformando-a em um gigantesco hangar vazio, qualquer som ecoava no ambiente anímico, era como se minhas emoções e meu espírito sumissem e deixassem um vácuo no lugar.
Já senti isso no passado, nunca consegui identificar a causa desse sentimento que me deixa paralisado, sem sentir nada, como se as minhas emoções e sentimentos tivessem sido roubados, o que pode ser uma pista para que eu descubra a origem desse sentimento de vazio. Um dia depois ele se foi, tão rápido e sinistro como veio e eu fiquei com a sensação de que um dia ele voltará. Deixou em mim a curiosidade em saber de onde ele vem e para onde ele vai, porque surge e desaparece aleatóriamente. Um mistério, por um lado sedutor, por outro assustador, porque se eu desvendá-lo tenho a intuição de que pode não ser uma descoberta agradável. Enquanto isso encho a alma de carinho que recebo das pessoas que me são próximas e é muito bom receber um reforço no amor próprio ainda mais quando me sinto tão vazio.

domingo, 18 de novembro de 2007

EgoSCRITOR.

Eu gosto de escrever, publico aqui meu textos, participo de fóruns e comunidades na Internet onde emito minhas opiniões, faço comentários e respondo a questões.
Na última semana refleti sobre esse meu ato de escrever. Me dei conta que apesar de interagir com as pessoas nessas atividades com o meu texto, o escrever é mais um ato de prazer pessoal e narcisista que tem a função de me satisfazer antes de mais nada. Dito assim parece algo antipático, como se eu usasse o leitor em uma atitude egoísta. Não está de todo certo nem de todo errado. É uma troca: meu prazer em escrever e o prazer do leitor em me ler. Tá certo que nem sempre ler o que escrevo dá prazer, mas garanto que escrever sempre me proporciona uma prazer enorme, maior ainda se houver uma troca com o leitor.
Essa troca abre uma outra perspectiva que é a de ser objeto da admiração do leitor. Eu, como semi escritor, semi anônimo, também sinto prazer em ser lido e admirado pelo que escrevo, novamente reforçando meu lado narcisista e me fazendo visível e reconhecível como pessoa porque quem me lê, indiretamente, me diz que eu existo e estou vivo, presente na mente dela.
Escrever é uma ato bem mais complexo que catar as letras nas teclas no teclado, antes, cato um pouco das teclas simbólicas que estão escondidas dentro de mim e que juntas revelam quem eu sou e como eu sou.
Sempre que eu descobrir novas teclas dentro de mim as pressionarei, e novos textos produzirei e aqui os publicarei. Egoística e prazeirosamente para nós.

sábado, 10 de novembro de 2007

A Harpista.

Desde adolescente ela tocava harpa, era quase uma extensão do seu corpo, um membro seu que interagia com o ar, dando vazão aos seus sentimentos.
Sempre que ela estivesse muito alegre ou triste ela tocava harpa, o instrumento transferia para o ar seus sentimentos em forma de notas musicais perfeitamente entrosadas com seu coração, fluindo sincronizadas com as batidas dele. Harmonia perfeita.
Hoje ela pegou a harpa de um jeito diferente, sentou à mesma cadeira de sempre, porém sem roupa, trouxe o instrumento contra seu peito nu, começou a tocar uma melodia linda, seus dedos dedilhavam o instrumento como se o acariciasse em uma relação erótica, os sons eram ritmados, sensuais, arrastados. Sua mente voou para longe, onde a fantasia se tornava música e a música, um ato de amor. O vento que entrava pela janela fazia seus longos cabelos esvoaçarem e transportavam a melodia para o infinito, aquele ponto para onde tudo converge e nada se toca, onde o tempo deixa de existir e o desejo vira a única possibilidade de existência.
A música abruptamente lhe escapou contra a sua vontade, assim como o tempo e o desejo, restando-lhe apenas a imagem viva na sua mente do que um dia poderia ter acontecido.

sábado, 27 de outubro de 2007

Aqui e Agora.

Fica.
Não vá embora agora.
Deixa eu curtir esse momento.
Me perder nos seus cabelos.
Na sua pele.
Na sua alma.
Não me deixa aqui sozinho.
Comigo mesmo.
Com o celular que não toca.
Sem o meu espelho.
Sem a minha esperança.
Fica aqui como minha referência.
Meu Norte.
Meu passado e meu futuro.
Me ajuda a crescer.
A não sentir dor.
A não ter pesadelos.
A não sentir fome nem sede.
Me ajuda a preparar o nosso caminho
Para que cheguemos ao nosso Paraíso.
Juntos.

E as Meninas? Do Que São Feitas?

As meninas sempre foram uma incógnita para mim. Eu não tenho irmãs e desde pequeno meu contato com as meninas foi distante. No colégio, por causa da idade e das particularidades dela eu me relacionava só com meninos. Quando os hormônios iniciaram a minha adolescência meu interesse por elas aumentou, apesar disso me faltava jeito para me aproximar. Veio a faculdade e eu pude, então, conhecer uma pouco mais da natureza feminina porque na faculdade eu conseguia ser um pouco mais solto e me relacionar com as meninas sem tanto receio.
Sinto falta de não ter me relacionado com meninas antes, hoje, eu posso dizer que conheço as mulheres um pouco mais, mas menos do que eu gostaria. As mulheres ainda são, para mim, misteriosas, instigantes, sedutoras e maravilhosas, talvez por tudo isso que até hoje me interesso por elas. Queria conhecer a sua essência, mas poucas se revelam, a maioria ou esconde a sua natureza ou sequer conhece a si mesma a ponto de poder se mostrar como verdadeiramente é, mesmo assim continua sendo um prazer conhecer as mulheres, sua alma, seus desejos, seu afeto.
Hoje, casado, me limito a observar e a imaginar, deslumbrado, a variedade de personalidades femininas que existe e sigo tentando descobrir do que as meninas são feitas.

sábado, 20 de outubro de 2007

Panos Infantis.

Em um dia dessa semana que passou apareceu no meu serviço um menino de não mais que oito anos de idade vendendo panos de pratos. Meus colegas, sempre espirituosos, começaram a falar com o menino e a fazer algumas brincadeiras com ele. Passado algum tempo o menino embrabeceu com as brincadeiras, alterou a sua voz e, se referindo ao seu ofício, disse:
- Eu não estou brincando.
Parei. Por uns instantes meu pensamento se afastou do trabalho e me remeti ao mundo da filosofia e da psicologia, mergulhei em idéias sobre o que um menino da idade dele sentia, qual era o seu mundo, porque estava ali, vendendo panos de pratos e a profundidade da frase acima. Meninos de oito anos de idade não deveriam trabalhar como ele estava fazendo, deveriam estudar e brincar, mas a realidade dele era essa e preferi deixar a questão para as ONG's e entidades governamentais que tem uma política e desenvolvem luta contra o trabalho infantil.
Foi uma dura experiência me deparar com uma criança tão pequena já trabalhando, uma situação é saber do trabalho infantil pela mídia, outra é ver essa realidade na minha frente sendo dita de uma forma tão veemente e perturbadora. Passei o restante do dia pensando nisso. Foi um dia menos alegre.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Eu? Nuco!

É bom ser homem. É bom viver, desfrutar dos prazeres das coisas simples da vida: uma boa comida, um banho quente, uma boa conversa, a companhia dos amigos, ouvir uma bela canção, ver um filme legal, ler um livro que prende a atenção, dormir quando se está com sono, e, claro, o embate de Eros.
Desde a minha adolescência quando os hormônios tomaram conta do jogo no meu corpo que me tornei escravo do desejo sexual, minha atenção se voltou às mulheres eu querendo ou não, meu olhar ficou hipnotizado para sempre por elas. Quando ando na rua é como se eu possuísse um software programado para que eu só visse as mulheres e os homens fossem apagados da minha visão, quando converso com uma mulher, ao mesmo tempo que converso, penso nela como mulher e se eu teria ou não chance com ela.
Casei, mesmo depois de casado o desejo permaneceu presente como em todo homem normal, o problema da saciedade foi resolvido com a disponibilidade e a freqüência, ainda assim o incômodo do desejo permaneceu, porque ele incomoda, escraviza, obriga, não dá refresco. Em uma reunião de trabalho ou mesmo na rua, onde quer que eu esteja os meus olhos percorrem territórios femininos sem permissão, esquadrinham colos, pernas, retaguardas, mãos, olhos, como se eu fosse um robô programado para vasculhar e descobrir entidades femininas que fossem interessantes, desejáveis, conquistáveis. Um sorriso feminino dirigido a mim dispara a minha imaginação, um elogio feminino me faz perder o rumo.
Cansa. Pode parecer absurdo, contraditório e inexplicável, mas cansa ser dominado por esse desejo. Eu queria ser livre, desejar quando quisesse, não precisar olhar hipnoticamente para todo ser de cabelo comprido com batom nos lábios e brincos nas orelhas, queria poder me desligar por um tempo, ver o mundo com mais isenção, ver uma mulher primeiro como pessoa antes de vê-la como mulher, ouvir a voz dela e não imaginar tudo o que me passa pela cabeça - e como me passa! Queria não ter que precisar me aliviar de tempos em tempos, por vezes em momentos e em locais inadequados porque o reator interno atingiu uma temperatura elevada e se eu não o fizer parece que vou explodir da tanta "tensão".
É bom desejar, mas desde que acompanhado da devida saciedade, desejar sem poder satisfazer a vontade é enlouquecedor.
Eu quero ser livre para poder ser humano antes de ter que vestir a roupa de homem quando acordo todos os dias e até nos meus mais profundos e bem guardados sonhos.
Eu queria não desejar.

domingo, 7 de outubro de 2007

Um Erro, Dois Erros, Três Erros, Assim.

Já faz algum tempo que adoto o que diz o ditado: "Um erro não justifica outro" para guiar as minhas ações, mas nem sempre consigo ser fiel aos meus ideais, há momentos em que a raiva aumenta por causa de uma agressão ou injustiça cometidas comigo, a vontade de retaliação aparece forte e um erro acaba sendo cometido por mim como resposta a um erro primeiro cometido por outros, depois que faço me arrependo, fico com remorso e me sentindo culpado, maldita emoção que me corrompe princípios e perpetua um desentendimento.
Fui mais impulsivo na minha juventude, hoje só cometo esses deslizes em cada vez mais raras ocasiões, ainda bem.

sábado, 6 de outubro de 2007

Foi Só Uma Brincadeira.

Quando nos expressamos enviamos mensagens. Pode ser apenas uma, direta, mas podem ser mais de uma, a explícita e outra, ou outras, implícitas, mas não menos importantes que a mensagem direta.
Quando brincamos através de palavras muitas vezes usamos a brincadeira para mandar mensagens não tão engraçadas, podemos ocultar na brincadeira uma ironia, hostilização, deboche, menosprezo e outras várias mensagens que nem sempre têm o objetivo de divertir e, sim, de agredir a outra pessoa.
Na minha vida pessoal tenho me deparado com situações que descrevi acima, são pessoas que convivem comigo e que pensam que eu não me dou conta desses artifícios baixos de agressão, como são pessoas limitadas intelectualmente é fácil disfarçar e me fazer de desentendido diante das brincadeiras nada divertidas enquanto observo essas pessoas e tiro as minhas conclusões sobre a sua personalidade e caráter.
Brincar é bom e saudável, mas que seja uma brincadeira autêntica, pura, honesta, daquelas que nos fazem deixar escapar uma risada solta, que nem sempre conseguimos fazê-la parar e que, no futuro, quando lembramos dela nos pegamos rindo sozinhos na calçada, no banheiro, onde quer que estejamos.